O CENTENÁRIO DO TEATRO DE SÃO JOÃO DO PORTO
Novamente abordamos o Teatro São João do Porto, agora no quadro das comemorações do centenário assinaladas para o próximo mês. Justificam-se pois as novas referências, que nos propomos fazer, desde logo a partir da questão prévia, que aliás já tivemos ensejo de aqui lembrar.
É que em rigor o Teatro São João, com este ou outros nomes, vinha do século XVIII.
Efetivamente, e tal como temos evocado, cantou-se ópera no Porto desde 1762, no então chamado Teatro do Corpo da Guarda, o qual se situava mais ou menos no local onde foi inaugurado, em 13 de maio de 1798, um Teatro D. João inspirado no Teatro de São Carlos.
O São Carlos, como sabemos, foi contruído em 6 meses e inaugurado em 13 de junho de 1793 com a ópera “La Ballerina Amante” de Cimarosa. E vale a pena lembrar também que o Teatro de São Carlos é inspirado diretamente no São Carlos de Nápoles, e deve-se ao arquiteto José da Costa e Silva.
O Teatro D. João ou São João do Porto é inaugurado então em 13 de maio de 1798 na sequência de um projeto do cenógrafo italiano Vicente Manzoneschi, com pano de boca pintado por Domingos António de Sequeira.
A iniciativa deveu-se a João de Almada e Mello e ao seu filho Francisco. Eram parentes do Marquês de Pombal.
Em qualquer caso, uma lei datada de 7 de abril de 1838 concede subsídios a dois teatros: o Teatro da Rua dos Condes, em Lisboa, e o Teatro São João do Porto.
E em 30 de janeiro de1846, um Decreto reconhece como “Teatros de Primeira Ordem” o Teatro D. Maria II, o Teatro de São Carlos e o Teatro São João do Porto.
E quanto a este, já tivemos ocasião de citar Camilo Castelo Branco, que descreve em “A Sereia” (1865) o funcionamento do Teatro e o público constituído sobretudo por “grupos de pedestres burgueses” e pela “fina flor da aristocracia e a burguesia aristocratizada”...
No início do século XX o Teatro assumia a designação de Real Theatro S. João. Uma gravura da época refere a realização de um espetáculo de ópera realizado em 22 de fevereiro de 1906.
Dizia o cartaz:
“Récita gentilmente oferecida pela Empresa em favor do cofre de pensões da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto com o obsequioso concurso dos célebres artistas Sig. Parsi-Pettinelli e Sig. J. Biel - A ópera em 4 atos do maestro Verdi - AIDA”.
Isto, repita-se, no início do século XX.
E veremos em mais textos a evolução do Teatro Nacional de S. João.
DUARTE IVO CRUZ