Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

REFERÊNCIA AO TEATRO DE PENAFIEL

 

Em 2008 tivemos ocasião de referir a tradição histórica de sucessivos espaços teatrais e de espetáculo de Penafiel, tendo em vista exatamente a tradição histórica, que vem pelo menos de meados do século XIX, mas também os edifícios e espaços originais que depois ou se transformaram em cinemas ou pura e simplesmente desapareceram.

 

De tudo isso não faltam aliás exemplos pelo país fora, e é interessante relacionar esses sucessivos casos com a estrutura urbana de cada cidade e vila em si mesmas, mas também com a própria natureza da respetiva atividade cultural.

 

Vale a pena então recordar que Teatros referenciais vão sendo inaugurados em Lisboa e não só, com especial ênfase a partir da transição dos séculos XVIII/XIX. E isto sobretudo em Lisboa, mas não só.

 

Foi-se operando pois como que uma descentralização, que obviamente nasce a partir de Lisboa (Teatro de São Carlos – 1793; Teatro de D. Maria II – 1846, e em ambos as obras vinham muito de trás) mas que foi abrangendo todo o país.  

 

Penafiel constitui um exemplo histórico dessa alternância. E esse exemplo nasce em 1844, data em que a antiga capela da Misericórdia, originária do século XVI, é adaptada para produzir espetáculos teatrais. Ganhou então o nome de Teatro Penafielense.

 

E, tal como já tivemos ocasião de escrever, em 1858 o edifício ganhou a estrutura adequada à produção de espetáculos então modernos: por lá passaram os grandes nomes do teatro da  época. Um comentador, Coriolano de Freitas Bessa, cita os atores Taborda, Posser, Soller... nomes que então diziam bem mais do que hoje.

 

Tivemos já ocasião de citar um estudo de Teresa Soeiro sobre Penafiel, onde se descreve a capela e se pormenoriza todo o processo de transformação do edifício em teatro e os conflitos entre o administrador do Conselho e a população respetiva. E também evocamos já, em “Teatros de Portugal – Espaços e Arquitetura” um comentador da época, Coriolano de Freitas Beça que, tal como aí escrevemos, refere atuação dos grandes nomes de espetáculo desse tempo: Taborda, Posser, Dias, Soller... mas, cita Teresa Soeiro, que Coriolano não se inibe quanto ao Teatro em si: “aquilo não é teatro, é corredor", nada menos!

 

Incluímos um estudo sobre este Teatro no livro “Teatros em Portugal – Espaços e Arquitetura” publicado em 2008 pela Mediatexto e pelo Centro Nacional de Cultura. E justamente, no Prefácio, Guilherme d’Oliveira Martins assinala que “os teatros são lugares de vida” pelo que “estamos perante um domínio em que a memória e o património, a história e a cultura, o ser e a representação, a liberdade e a necessidade se ligam intimamente. Estes lugares de vida permitem, deste modo, compreender melhor a essência do património cultural e da sua importância fundamental”.

 

 E assim é!...

 

DUARTE IVO CRUZ