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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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MISSAS "VIRTUAIS": NÃO JUNTOS, MAS UNIDOS

 

Advertências prévias

 

Insisto constantemente em que no Novo Testamento há duas “definições” de Deus — evidentemente, Deus não é definível, mas são tentativas de dizer algo sobre o seu mistério. Na Primeira Carta de São João, está escrito que Deus é Agapê, Amor incondicional. O Evangelho segundo São João começa assim: “No princípio, era o Logos e o Logos era Deus. E tudo foi criado pelo Logos.” Logos significa palavra, razão, inteligência. Deus é, portanto, Amor e Razão e, assim, a existência humana autêntica resultará da convergência e interpenetração da bondade e da razão, da inteligência e do amor.

 

Também a fé não só não pode contradizer a razão como deve ser razoável e, como diz São Pedro, é preciso dar razões da esperança.

 

Dou exemplos, para mostrar a necessidade de compreender e superar ideias feitas.

 

1. Jesus andou sobre as águas, como está no Evangelho? Não. Na perspectiva bíblica, o mar é símbolo do mal; dizer que Jesus andou sobre as águas é dizer que ele está acima do mal e nos liberta dele, como fez com São Pedro, que já estava a afundar-se. Percebe-se então o que está no Apocalipse, o último livro da Bíblia: “Haverá um céu novo e uma nova terra e já não haverá mar”, isto é, já não haverá mal.

 

Falando no Apocalipse, é preciso, nestes tempos terríveis, prevenir contra as profecias do horror e do fim do mundo. Impõe-se saber ler. De facto, o Apocalipse tem o sentido oposto ao vulgarizado: em tempos de perseguição, quer, utilizando linguagem simbólica e até cifrada, animar os cristãos, que devem confiar na vitória de Deus e de Cristo. E os números? É este o seu significado: 3 é um número perfeito e o número de Deus; 3+4=7 ou 3x4=12, para simbolizar a plenitude (os dias da criação ou a aliança de Deus, respectivamente), os 144.000 assinalados são o múltiplo de 3x4x12x1000 — 1000 também é a plenitude — e simbolizam o novo povo de Deus. Em sentido contrário, a metade destes números só pode significar o não-tempo de Deus e a sua não-aliança, como é o caso de três e meio e de seis. Assim, 666 é o número da Besta, um símbolo numérico do nome e título de Domiciano, imperador perseguidor.

 

2. Jesus ressuscitou mortos? Não. Caso contrário, como é que, sendo o Além o maior abismo da nossa curiosidade, ninguém perguntou a Lázaro como é, se esteve lá quatro dias? Os relatos sobre as ressurreições operadas por Jesus são o que se chama “parábolas em acção”. O seu conteúdo é o anúncio da esperança firme na vida eterna: o que o crente espera para lá da morte — a vida plena em Deus — já está presente na fé.

 

3. O Anjo apareceu a Nossa Senhora para lhe anunciar que ia ser mãe de Jesus? Não. O que lá está é muito mais profundo, pois o que é espiritual é sempre mais fundo e passa-se no interior: como todas as mães, Maria reflectiu, meditou sobre o “milagre” que lhe acontecera.

 

Nossa Senhora é virgem? Os Evangelhos não são um tratado de anatomia. O que lá está é que Jesus é especial, tem uma relação única com Deus.

 

4. Há milagres? No sentido estrito da palavra, isto é, uma intervenção especial de Deus para interromper o curso das leis da natureza e a favor de uns e não de outros, não. Um Deus intervencionista implica ateísmo, pois supõe que Ele criou e se afastou do mundo, para, de vez em quando, intervir nele a pedido. Ora, Deus Criador está sempre infinitamente presente à sua criação e aos seres humanos, que são concriadores. Há os milagres do amor.

 

5. Então, para que serve a oração? Rezar é estar com Deus, no mais fundo e íntimo de si, e falar com Ele como se fala com um amigo, com o pai, com a mãe. Porque Deus é Pai-Mãe. Falar-lhe das dúvidas e perplexidades. Fazer-lhe perguntas: porque é que, no meio dos horrores destes tempos de tribulação da covid-19, não faz nada? Será que existe? Jesus na Cruz gritou aquela oração que atravessa os séculos: “Meu Deus, meu Deus, porque é que me abandonaste?”, mas continuando a confiar: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.”

 

Pedir o quê? Pedir a nós mesmos força para fazermos o que devemos e generosidade para estarmos com todos, sobretudo com quem ninguém está.

 

Presença física e presença real

 

Entrando mais directamente no que aqui nos traz, a pergunta é: os católicos acreditam na presença real de Jesus na Eucaristia? A resposta é clara: sim. Mas é urgente compreender, para não se cair no desastre.

 

Por exemplo. 1. Um bispo perguntou-me uma vez: “O que é que se responde a uma criança de 12 anos que, depois de uma procissão do Santíssimo, me veio dizer: ‘Tu não levavas o Jesus, pois não? Tu não podias com Ele!...’”. Respondi-lhe: “O que é que se deve responder exactamente eu não sei. Mas sei que se não deve ensinar o que, depois, leva até uma criança a fazer observações dessas.” 2. Uma vez uma médica, crente, disse-me que tinha pena de não comungar. Mas ficou-lhe, de miúda, uma impressão tal do Corpo de Cristo na hóstia que ainda hoje, ao pensar em comungar, se lhe embrulha o estômago. 3. O filósofo Hegel viu bem o perigo da coisificação. Referindo-se à Eucaristia, escreveu que, segundo a representação católica, “a hóstia — essa coisa exterior, sensível, não espiritual — é, mediante a consagração, o Deus presente — Deus como coisa”.

 

O que é que se passou?

 

Jesus, na iminência da morte, ofereceu uma ceia, a Última Ceia. Abençoando o pão e o vinho, que significam a entrega da sua pessoa, fiel à Verdade e ao Amor, por amor a todos, disse: “Comei e bebei todos. Fazei isto em memória de mim.” Em hebraico, “Isto é o meu corpo, isto é o meu sangue” quer dizer: Isto sou eu, a minha pessoa, a minha vida entregue por vós. Os primeiros cristãos reuniam-se na casa de um companheiro ou companheira (de cum+panis: comer o pão em conjunto) e, recordando essa Ceia e todos os banquetes que Jesus teve com tantos, incluindo pecadores, a oferecer o júbilo da salvação, e tudo o que Jesus fez e é, celebravam “o partir do pão”, uma refeição festiva e fraterna, abertos à esperança de um futuro novo na plenitude da Vida, porque Jesus é o Vivente para sempre.

 

Depois, também porque eram acusados de não oferecerem sacrifícios à divindade, a Missa foi perdendo o carácter de banquete festivo e fraterno e começou a ser concebida mais como sacrifício. Havia aí uma imolação — ainda li isso num manual de Teologia: uma mactatio mystica Christi (matação mística de Cristo) — e discutia-se se essa imolação era real, moral, sacramental.

 

Daqui resultaram equívocos tremendos. É claro que Jesus não fugiu, aceitou a morte de cruz e entregou-se a si mesmo a Deus. Mas não à maneira de vítima sacrificial, para aplacar a ira de Deus. Jesus foi vítima dos homens e não de Deus. Uma concepção sacrificial contradiz a revelação essencial de Jesus: “Deus é Amor incondicional”. Ele não precisa de sacrifícios expiatórios. É uma concepção arbitrária e sacrificial de Deus que leva alguns à blasfémia de dizer que esta covid-19 é um castigo de Deus. Por outro lado, com esta concepção sacrificial apareceu o padre-sacerdote que oferece o sacrifício e, consequentemente, o celibato obrigatório e a chaga do clericalismo, já que o padre adquiria um poder divino: o de, como “outro Cristo”, só ele “trazer Cristo à Terra”, realizando o milagre da transubstanciação, só ele perdoar os pecados, decidindo da salvação ou da condenação...

 

A Eucaristia deixou, pois, de ser celebração festiva em que todos participavam activamente — e só assim fazia sentido —, para tornar-se um sacrifício objectivo autónomo, que o padre até podia celebrar sozinho e que oferecia pelas almas do purgatório e outras intenções. Era possível ir à Missa e não comungar, pois, nela, estava-se “de fora”. Acontece mesmo esta distorção: as “Missas oficiais”, a que assistem agnósticos, ateus, indiferentes, grandes ladrões, sem arrependimento nem qualquer propósito de emenda...

 

 E volta a pergunta: Jesus está realmente presente na Eucaristia? Sim. Mas é preciso distinguir entre presença físico-coisista e presença real pessoal. Um homem e uma mulher, pela relação sexual, estão fisicamente presentes, mas, se não houver amor, estão realmente ausentes como pessoas. Também pode acontecer que tenham de estar fisicamente ausentes, por motivos de trabalho, por exemplo, mas, se houver amor, continua a presença real entre eles. Então, o que falta nas comunidades cristãs? A conversão ao projecto de Jesus. Precisamente nesta não conversão é que São Paulo via que “comemos o pão e bebemos o cálice do Senhor indignamente”, tornando-nos “réus do corpo e do sangue do Senhor”, isto é, culpados da sua morte: de facto, o que ele condena na comunidade de Corinto é que não haja partilha real e que, enquanto uns comem lautamente e se embebedam, outros passem fome.

 

 Afinal, é tudo mais simples mas também mais exigente e libertador.

 

Concelebrar “coronoviricamente”

 

 Na situação de confinamento em casa, porque é que as pessoas, isoladas ou em família, ao participar na Eucaristia pela televisão ou outros meios, não hão-de concelebrar e comungar realmente e não só “espiritualmente”, como é aconselhado? Para ser real, não tem a comunhão de ser sempre espiritual?? Quanto à confissão, porque não confessar-se por telefone ou, como disse o Papa Francisco, “directamente” a Deus?

 

 Assim, frente à televisão, coloque-se na mesa pão e vinho, também uma vela, símbolo da luz de Cristo, acompanhe-se a celebração, escutando a Palavra de Deus, oferecendo o pão e o vinho, símbolos da nossa vida, que pedimos seja transformada e vivificada em Cristo ao serviço da Humanidade inteira. E partilhemos o Pão da Vida e o Vinho da alegria que não tem fim. E esperando poder em breve (quando?), de novo, como habitualmente em comunidade plena, unidos e todos juntos, dando as mãos, celebrar outra vez a Páscoa da Ressurreição.

 

 Há oferta maior, mais felicitante, de esperança e sentido para a Humanidade do que o Evangelho vivo de Jesus? A realizar na vida e a celebrar em Eucaristia.

 

Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia da

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Artigo publicado Jornal SOL | ABR 2020

CARTAS NOVAS À PRINCESA DE MIM

 

Minha Princesa de mim:

 

   Noites insones me vão oferecendo tempos de leitura que, deixando-me cair na tentação de viajar no tempo e no espaço, vou cedendo à novelística e poesia japonesa. Há um qualquer mistério de mim, mesmo para mim, nessa contemplação, ou espiritual comprazimento, de visões nipónicas... Por estranhas e distantes que sejam as suas origens, misturam-se-me cá dentro, sinto-me assim como o lado de lá daquele pântano japonês de que fala o Shusako Endo e tudo digere e recria... Nesta noite de longa vigília que tarde acabou, muito longamente penseissenti este haiku de Yamaguchi  Seishi, poeta nascido no início do século passado (1901), primeiro de uma série inspirada por visita aos túmulos imperiais de Mukden:

 

                     Ryo samuku
                     Jitsugetsu sora ni
                     Terashiau

 

   Versos de 5, 7, 5 sílabas que, a meu livre jeito, assim traduzo:

 

                     Gélidas tumbas:
                     no alto céu, sol e lua 
                     se contemplam

 

   Inexorável, a morte de humanos deixa indiferentes os astros. De nada valerão, a reis e imperadores, os monumentais túmulos que pretendiam abriga-los. Mas, ao recordar nestes dias tantos familiares e amigos que, há bem pouco, repentinamente, deixei de poder ver fora da saudade, e ainda tanta, tanta, gente que, só por andar na rua e falar a outros, é surpreendida pela morte, reencontro a sageza de São João Evangelista neste trecho do seu evangelho que segue o sinal deixado pela ressurreição de Lázaro:

 

   Então, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza tantos milagres? Se o deixarmos continuar assim, todos acreditarão nele, e virão os romanos destruir o nosso lugar santo e toda a nação.» Então, Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada: não compreendeis que é melhor morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» Não disse isto por si próprio, mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação, e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus.

 

   Já por várias vezes te disse, e escrevi em cartas anteriores, que nenhum de nós - dos que por cá vamos andando - tem qualquer experiência da morte. Nem pode ter. A morte de cada um é sua própria, única, inexorável e irrepetível. Apenas podemos ter - e tantas vezes temos - a experiência da dor que a morte de outros nos causa. Até o evangelho nos diz que, ainda que consciente da sua própria morte, e ciente do modo e circunstância em que ela lhe viria, o mesmo Jesus, pouco antes, choraria sentidamente a morte de Lázaro, seu amigo. E todavia  sabia que o iria ressuscitar, em sinal inequívoco do poder de Deus Pai. Mas em sinal, também, de que a sua misericórdia não é o entreolhar do sol e da lua, nem se comove pela monumentalidade dos depósitos fúnebres. Antes será movida pela dor verdadeira de que perde um amigo.

 

   A narrativa da ressurreição de Lázaro e sua circunstância, feita no Evangelho segundo João, mexe nesse ponto tão misterioso e profundo da nossa humanidade. O trecho do capítulo 11, que acima te transcrevo, dá-lhe outra continuidade: a justificação que dá Caifás para que Jesus seja sacrificado (impõe-se que um homem só morra pelo povo) é mais do que simples argumento de uma razão de Estado. De certo modo, afinal, leva facetas gnósticas daquele evangelista a mergulhar as suas raízes na tradição profética do judaísmo, destituindo ainda esta de carácter nacionalista, para lhe conferir uma vocação universal. A morte e ressurreição de Jesus Cristo não salvará apenas a nação de Israel, mas redimirá a humanidade inteira. Deus Pai não é indiferente ao destino de todos nós.

  

   Talvez para nos levar a meditar sobre isto, a liturgia da Igreja Católica nos proponha a proclamação desse passo do evangelho no 5.º sábado da quaresma, na véspera de Domingo de Ramos, festa da aclamação triunfal de Jesus pelo povo de Jerusalém, a abrir a Semana Maior, ou Santa, esta que terminará no silêncio sepulcral de Sábado Santo, dia de luto absoluto e sem celebrações, depois da memória da Paixão e Morte do Senhor, celebrada em Quinta e Sexta-Feira Santa, e já anunciada e relatada pelo texto de um dos evangelhos sinópticos em Domingo de Ramos. Este ano coube a vez a São Mateus, o que me serviu de convite para uma comovida e atenta escuta do correspondente auto musical de Johann Sebastian Bach. [E sempre me lembro da primeira vez que ouvi a peça, que coincidiu com a minha primeira ida ao Teatro de S. Carlos, em Lisboa, teria eu uns nove ou de anos... Desde então, repito a sua audição anual, seguida, no silêncio de Sábado próximo, da Paixão Segundo São João, do mesmo compositor. E fica-me uma impressão de visita onírica a uma história e um mundo reais, com alguns apontamentos psicológicos que me fazem refletir no paradoxo da nossa condição humana, como, por exemplo, nas diferentes formas de cobardia, de autoavaliação, de arrependimento, de justificação ou de desespero, como nos dramas pessoais de Pedro-que-negou-três-vezes, Pilatos-que-lavou-as-mãos, Judas-que-se-enforcou.]

 

   O que se chama de Mistério Pascal seduz-me desde a infância, quiçá não tanto pela irrupção de um poder divino, como muito mais pela humanidade do encontro de Deus. E não só frequentemente me ocorrem imagens do acolhimento do Pai ao filho pródigo - até já te escrevi um dia que, ao contemplá-las, tanto vejo o filho arrependido como o Pai que também pede perdão- mas calam-se-me bem no fundo do coração essas palavras de São Paulo aos filipenses que lemos na missa de Ramos: Cristo Jesusque era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo. Assumindo a condição de servo, tornou-se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte na cruz.

 

   [A versão portuguesa deste passo do evangelho que consta dos lecionários e missais em uso, tal como a das traduções diretas do grego, quer a de Frederico Lourenço, quer a do cónego José Falcão, dizem todas morte de cruz. Arrepio-me sempre que assim leio ou ouço, ocorre-me a expressão assinar de cruz. Bem sei que se trata da versão literal do genitivo grego que, aliás, na vulgata latina reza assim: Humiliavit semetipsum, factos obediens usque ad mortem, mortem autem crucis. E nessas línguas clássicas, tal genitivo não me surpreende nem aborrece. Mas em português, não só me soa muito mal, como nunca entendo porque não hão de tais textos recordar que sempre dizemos: Jesus Cristo morreu na cruz. Qualquer tradução deve encontrar a forma idiomática mais autêntica, isto é, procurar comunicar, mais do que reproduzir literalmente um original.]

 

   Os textos evangélicos buscam, afinal, o verdadeiro pensarsentir de cada um de nós. As suas narrativas trazem-nos a perceção de acontecimentos históricos conservada e cultivada nas memórias e pelas sensibilidades diversas de comunidades coevas ou próximas do tempo de Jesus. Por isso mesmo nos levam sempre a comunhões na esperança e no amor e, simultaneamente à renovação perene, interrogativa e incansavelmente descobridora da fé alimentada por sucessivas gerações de crentes. A cristandade é, tal como o Filho do Pai, que lhe deu o seu nome de Cristo, uma humanidade histórica. O cristianismo não é alguma abstração: é a procura incessante da prática do amor fraterno.

 

   Dizemos que é tácito algo que não se manifesta e permanece calado. Tácito era o nome de um historiador romano do tempo do imperador Tibério e dos primeiros cristãos, que muito pouco ou quase nada escreveu dos mesmos cristãos. Dele te falarei, Princesa de mim, na próxima carta. 

 

Camilo Maria 

 

Camilo Martins de Oliveira