CRÓNICA DA CULTURA
Há mulheres cuja voz é perturbadora e profunda como o tempo.
Tentávamos seguir o poder que nos sonhos nos tinha sido conferido pela música celta. Música também de Portugal, da Escócia, da Galiza, da Irlanda, música igualmente improvisada por trovadores; música que utiliza flautas e harpas e pianos e as línguas locais nas letras das músicas.
Sem que compreendêssemos porquê, sabíamos que iriamos encontrar por entre aquela escuridão, o predestinar da voz de Loreena McKennitt.
Era Primavera fria e no céu daquela noite só uma brecha de lua se deixava desvendar.
Seguíamos pelas ruas desertas procurando ouvir o rumo da voz desejada.
Os nossos olhos diziam a surpresa do nada no que era o tudo daquela noite sem sombras.
Todavia, caminhávamos, caminhávamos sem supor que a bússola dos nossos passos nos levaria a um largo imenso alumiado por lanternas suspensas das árvores.
De repente, no centro do ar de uma clareira, ao piano, uma mulher dona de magia, cuja voz de tão bela, de tão perturbadora, de tão profunda, nos seduzia, enquanto nós, agora abraçados, nos recordávamos termos dito um ao outro antes das trevas:
Till you come to me
Teresa Bracinha Vieira