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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICAS PLURICULTURAIS

 

50. CAMINHAR E MEDITAR EM SILÊNCIO

 

Caminhar e meditar em silêncio são exercícios de resistência.
O inverso do espírito de competição, num tempo dominado pelo ruído, em que a filosofia de vida predominante é a do mundo de negócios.
Caminhar e meditar em silêncio é terapêutico.
Uma cura, um remédio, um ansiolítico natural que recompensa.
É viajar com a mente, pensando enquanto se caminha.
Trabalhar com a mente, enquanto se anda a pé.
Viver o corpo, enquanto se caminha e medita.
A mente a trabalhar e a cooperar com as pernas.
É humanizar a vida.
Simbolicamente é uma aventura, um passeio palpável e intangível, uma experiência de aprendizagem, cognitiva e de procura do silêncio, desfrutando-o.
O nosso mundo mais próximo, que nos rodeia, é apreciado, explorado e festejado.
Abrimos os olhos e achamos a beleza onde não diríamos estar.
É respirar e sentir a paz.
Dialogar com o tempo e o espaço.
Ter paciência, sem pressa, pois o mal da pressa apressa tudo.
Arrumam-se ideias, obrigações, compromissos, conhece-se o pormenor do percurso, o nome das ruas e seus desvios.
É passear ao longo da praia, apreciada e sentida de manhã cedo, ouvindo o oceano, molhando os pés, apanhando conchas, vendo as gaivotas e o mar a enrolar na areia.
Saboreia-se e disfruta-se a natureza.
Degustamos a memória do tempo passado, o presente das coisas, a espera e o sonho das coisas futuras.
Purifica-nos a contemplação e o sentir do silêncio que nos falta.
Interrogamo-nos sobre nós próprios e os outros.
Sensibilizam-nos pormenores da paisagem que usualmente não vemos.
Ocioso, para muitos, apoiando-se na teoria de vida dominante, que concebe a existência como uma luta, na qual só é devido respeito ao vencedor.
Vive-se o corpo e a mente, cada um está mais perto de si, dada a intimidade, introspeção e concentração do caminhar e meditar em silêncio, sociabilizando mentalmente com outros.
Um prazer físico, espiritual, frugal e tranquilo.

 

08.05.2020
Joaquim Miguel de Morgado Patrício