Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Quando comecei a frequentar sozinha o Centro Nacional de Cultura, nunca esqueci as palavras que um dia me disse António Alçada Baptista, na Capela do Rato:
Não esqueças Teresa!, tens ali também um espaço no qual as opções convivem. Um espaço onde se atreve a dizer. Um espaço carinhoso, também.
Na verdade, muito antes de escrever para o Blogue do Centro Nacional de Cultura, passou a fazer parte do meu itinerário espiritual, saber o que se passava nesta Casa e a ela estar atenta.
Assim, ir ao C.N.C., foi sendo o mesmo que ir a um local de perspetivas, e por sua causa, algumas vezes, fui capaz de ali viver tempos de verdade, com pensamentos e com palavras e com pessoas e com ações.
Muitas vezes, senti, nalguma hora, como se fossemos prometidos a nós mesmos, no ali confrontar e consolidar caminhos, por um mundo que não era o do imenso peso do homem caído.
Em muitos finais de tarde, dali saía, sem sentir os acesos frios dos processos de incomunicação, ou, do C.N.C., não viessem os aconchegos dos homens e mulheres de boa vontade, para mim, invisíveis e generosos xailes, no final das tardes.
Há coisas imprescindíveis à felicidade da maioria das pessoas: saúde, alimentação, habitação, amor, ter trabalho, ser respeitado, liberdade de circulação e de movimentos. Para alguns, constituir família e ter descendência é fundamental. Na sua ausência, só alguém excecional é capaz de ser feliz.
As pessoas que gozam de saúde e podem satisfazer as suas necessidades, deveriam ser felizes, e nem todas o são.
Quem adquire facilmente as coisas que deseja, sem esforço, e mesmo assim é infeliz, dá razão a quem conclui que o privar-se alguém de algumas coisas de que precisa é parte indispensável da felicidade.
Mas a felicidade não é uma evidência.
Cada um tem a sua interpretação.
Há quem a negue e tenha como uma quimera.
É um conceito amplo, variável no tempo e espaço, de pessoa para pessoa.
Que impõe limites excluindo, desde logo, a obsessão pela felicidade.
A cultura do excesso, do sempre mais e mais, do espírito de competição doentio, do culto do dinheiro sem limites, parece ser um modo de fuga da realidade e de vivermos num mundo virtual.
O dinheiro, por si só, não dá felicidade, apesar de dar jeito e, até um certo limite, a aumentar.
O sentimento de triunfo gerado pelo êxito da competição, torna a vida mais agradável, mas por si só também não chega.
Parecem ser um dos vários elementos da felicidade, sendo demasiado elevado o preço a pagar se em função de um deles se sacrificarem todos os demais.
Será assim se se considerar o triunfo como um único fim em si mesmo, como a finalidade, o desfecho e meta da vida.
O mercado providencia pela procura em alta da felicidade, oferecendo várias terapias, numa sociedade orientada pela medicalização dos comportamentos e seus litígios, orientações psicológicas ou pontuais, com a pressão social para consumirmos cada vez mais, parecendo sempre felizes.
O que gera uma insatisfação permanente, uma incapacidade de resistência à frustração, criando a ilusão que ser feliz é viver sem angústia, tristeza, derrota, medo, desgosto, entre tantas outras coisas que fazem parte da condição humana, devendo ser aceites e compreendidas como tal e para melhor com elas lidarmos.
O lema de que nada é impossível, tudo depende de nós, está errado.
Há que ter como dado adquirido que saber viver e ser feliz se deve, em grande parte, ao facto de termos descoberto e termos alcançado o que mais desejávamos e, também, por termos excluído dos nossos anseios o incessível, como a aquisição filosófica e científica de um conhecimento absoluto em todas as coisas, ou o prazer ilimitado do culto do dinheiro, sob pena de cairmos no pessimismo, por vezes causa de várias formas de infelicidade, como a de quem tem tudo para ser feliz e ainda assim é infeliz, concluindo que a vida humana é essencialmente desprezível.
Que os nossos interesses sejam tão amplos quanto possível, o relacionamento com as coisas, os animais, a natureza, o nosso semelhante seja o mais factível e saudável, a par de interesses subsidiários, além dos pessoais, que são o núcleo central da nossa mundividência.
É uma mensagem a reter, sem esquecer o sentido crítico, interrogando o sistema, tentando libertar-nos duma realidade distópica e niilista.
Sem narcisismo, egocentrismo, megalomania, vaidade, aborrecimento, tédio, sentimento de culpa, ou de pecado, mania de perseguição, nem agitação, fadiga, inveja ou pessimismo derrotista.
Antes sim, e tão só, um acessível e tranquilo gosto de viver.