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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

 

52. A EUROPA QUE QUIS SER EUROPA E NÃO FOI

 

Houve sempre tentativas de unidade europeia que se frustraram.   
Unidade que foi simbolizada pela República Cristiana, e falhou. 
Pelo império de Carlos Magno, fragmentando-se com a sua morte.  
Carlos V também quis ser Europa, e não foi.
Napoleão ambicionou ser Europa, e não foi.
Hitler desejou ser Europa, e não foi.   
Para além do falhanço de uma tentativa saxónica de poderio continental, que levou à guerra dos 100 anos, do expansionismo germânico, com Frederico da Prússia, do império Austro-Húngaro, de Bismark e Guilherme II, invasões da França e da Rússia, de vindas de eslavos para o ocidente. 
Todos falharam, ao pretenderem conquistar ou exercer hegemonia sobre os demais.
Contra tudo, vingou o princípio das nacionalidades, face ao qual os países não mudam os seus objetivos permanentes, nem o seu contexto físico ou configuração geográfica. Há, no presente, uma tentativa de unidade: a União Europeia. 
Num mundo cada vez menos eurocêntrico, num ocidente em crise e numa Europa em declínio.  
Em que há uma crise de liderança europeia.
Com os líderes europeus olhando em demasia para o seu umbigo. 
Em que a França conta na Europa, cada vez menos, como uma média potência imperial.
A Alemanha por ter relações relevantes com os países do leste europeu. 
A Inglaterra por ser ponto de referência dos Estados Unidos da América. 
Em que Portugal deve ter uma visão europeísta e atlantista.
Estará a UE à altura dos desígnios dos seus pais fundadores? 
Estará a UE disponível a superar os seus egoísmos económicos e financeiros, perante a pandemia vigente, criando um mecanismo solidário de entreajuda? 
Até agora, perante a realidade do coronavírus (da COVID 19), são mais as promessas que os resultados.   
Cada país, no essencial, age por si, por sua conta e risco.
Se tomarmos como referência as tentativas históricas frustradas da Europa que quis ser Europa e nunca o foi, nada haverá de novo na UE.
Se tivermos como orientação as clivagens permanentes quando há crise, agudizadas pela gravidade global do atual contexto, haverá algo de novo a esperar?   
Será o salve-se quem puder, cada um por si, o melhor que puder?
Uma solução excecional para uma situação excecional? 
Oxalá!? Esperamos que sim!? 
O amanhã di-lo-á.  

 

22.05.2020
Joaquim Miguel de Morgado Patrício