O CENTENÁRIO DE RUBEN A.
O centenário de Ruben Andresen Leitão – Ruben A. (1920-1975) deve ser assinalado num conjunto de abordagens que envolvam a pluralidade da sua obra como escritor, como professor e como investigador da história e da literatura portuguesa: e aí acrescentando referências e evocações da atividade como docente e como representante da cultura portuguesa, designadamente no King’s College de Londres. Luis Francisco Rebello recorda aliás que, no desempenho essas funções docentes, Ruben levou à cena textos relevantes da literatura dramática portuguesa, de Gil Vicente a Miguel Torga.
Rebello cita a influência do teatro inglês na obra dramatúrgica de Ruben, realçando porém o toque surrealista da sua dramaturgia. E sublinha a relevância que essa influência assume sobretudo na peça “Júlia” publicada em 1963.
Refere então designadamente Maria Lúcia Lepecki quando diz que nesta peça «um certo mistério envolve as personagens que permanecem num constante movimento de revelar-se e esconder-se». A mesma comentadora realça a influência do modernismo do teatro inglês em geral e designadamente de T.S. Eliot em particular.
No estudo, que adiante identificamos, Rebello cita o conjunto da dramaturgia de Ruben Andresen Leitão: “ O Fim de Orestes”, “Júlia”, “Triálogo” e “Relato 1453”, esta gravada diretamente em fita magnética, de improviso, no ano de 1965 (in “100 Anos de Teatro Português” Brasília Ed. 1984. Cfr. do mesmo autor “O Teatro Simbolista e Modernista 1890-1939” além de numerosa bibliografia sobre história do teatro português e do teatro texto e espetáculo em Portugal).
Mas aqui acrescentamos as referências críticas de Luciano Reis, para quem é notória a influência do surrealismo na obra global de Ruben A.
Segundo diz então Luciano Reis, a permanência de Ruben em Londres «como professor de cultura portuguesa no King’s College fez-lhe despertar o interesse para o teatro, pondo em cena textos de Gil Vicente e Miguel Torga no âmbito universitário.
Para além de um breve apontamento dramático, “O Fim de Orestes”, datado de 1963, publicou no mesmo ano a peça em 2 atos e 4 quadros “Júlia”, notando-se nessa obra influência do modernismo no teatro inglês em geral e de T. S. Eliot em particular, segundo a análise de Maria Lúcia Lepecki» Já acima referimos esta influência.
E mais acrescenta Luciano Reis os títulos de duas peças inéditas, segundo diz: “Triângulo” e “Relatos 1453”, nomes que carecem de confirmação quando cotejados com a informação de Luis Francisco Rebello também acima referida, confirmação essa a que iremos oportunamente proceder. (Luciano Reis in “O Grande Livro do Espetáculo” ed. Fonte da Palavra 2010).
Mas seja-nos ainda permitido acrescentar que a qualidade literária de Ruben A é reconhecida e assumida pelos autores mais diversos. A sua relação e integração é reconhecida e consagrada por escritores de qualidade e prestígio hoje indiscutível. E que desde sempre marcaram a perspetiva da modernidade deste grande autor.
Voltaremos ao tema, mas parece-nos então oportuno citar David Mourão Ferreira, que em 1966 não hesita em sublinhar a “desenvoltura narrativa”, assim mesmo, de Ruben A.!
DUARTE IVO CRUZ