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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

 

Os limites da linguagem são os limites do mundo de cada um?

 

A linguagem não se exprime para lá dos constrangimentos do intelecto.

A linguagem e o seu domínio constituem uma vivência dentro do mundo de cada um, e o conhecimento que dele se acolhe, comunica-se numa linguagem-sinal de afinidade ao que vamos interpretando.

Mas haverá uma linguagem somente resultado da compreensão que se faz nossa, ou, existe uma relação perante o que cada um, mesmo sem consciencializar os limites da sua experiência, sensibiliza?

O desafio dos limites da linguagem, nos vários tipos de linguagem, constitui parte integrante da hermenêutica ou fundo de uma teoria da interpretação, da semiótica, enquanto estudo do significado da linguagem, e da filosofia da linguagem, na busca pela natureza do significado.

O desafio que se refere, é muito autêntico, se pensarmos que existem linguagens mais “cercadas” pela realidade que visam: refiro-me à linguagem da oração; à linguagem do amor; à linguagem do destino histórico; à linguagem do desespero, da sobrevivência, todas implicando uma gramática da razão incorporada de vocabulários precisos.

De pensarmos também no quanto as línguas que hoje falamos, são línguas algo barulhentas, e muitas vezes assombradas pela impossibilidade de se acreditarem em linguagem, ou não fossem prenhes de dúvidas que, acabam por gerar o seu próprio provisório em qualquer comunicação.

Expõe-se então, não raro, um silêncio.

Um silêncio como única opção, um silêncio que faz falhar no futuro, as próprias palavras, na possibilidade de dizerem que afinal estão disponíveis para nós.

Contudo, também é pertinente afirmar-se que a linguagem da ausência pode querer significar que foi grande o nosso fracasso às palavras, e que o limite nos pertence.

E quem na pós-humanidade tem capacidade de reparação da linguagem?

Quem?, recebeu a herança e nela incorporou o seu legado, aquele mesmo que acarreta uma tarefa dificílima:

ler a vida por entre as palavras todas e com elas voltarmos como aprendizes a uma pegada útil.

 

Teresa Bracinha Vieira