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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA

 

ENNIO MORRICONE (1928-2020)

 

Perdemos uma enorme referência. Morricone, o grande músico, o grande maestro do rigor, deixou-nos em julho passado.  

Que todas as vozes saibam sempre dizer da sua grande capacidade para entender o essencial.

Um amigo seu fez saber que, quando Morricone escreveu a música para a missa em honra do Papa Francisco apresentada na Chiesa del Gesù em 2015, falou dela com profundo entusiasmo, mas quase certo de ser o momento de um ponto final na sua carreira.

Todavia, a sua luminosidade já tinha ultrapassado os limites, indo a mais pontos do universo com a sua extraordinária assinatura. 

Ennio Morricone e a Sétima Arte: a árvore e o musgo.

 

Captava em algumas linhas musicais a essência de um filme. 

Como não recordar Cinema Paraíso
 do cineasta italiano Giuseppe Tornatore, extraordinário marco da história do cinema? 


Com este filme e nele e por ele a música de Ennio, naquele  tudo existir, um aprender a amar. 

Filme e música para toda a vida. Atalho mais claro à via do coração. Da oração. 

Os beijos – cenas que o padre da vila mandava cortar - que nos fazem chorar e sorrir neste filme, esclarecidos pela música que tudo faz renascer em entendimento e doçura, chegam ao encontro dos nossos olhos, e, um nó, em nós, num mundo de sentimento especial e de saudade, leva a que a terra-argila, se deixe fechar na nossa mão. 

Com Ennio Morricone, a música envolveu-se por via do cinema na cultura a uma escala de universo erudito e popular.

Magia!


Teresa Bracinha Vieira