CRÓNICAS PLURICULTURAIS
62. ESQUEMAS DE PROGRESSO, REGRESSÃO E DE PODER
O drama da queda do Império Romano sugere que a civilização não progride em linha reta e sempre em direção a mais prosperidade, lei, ordem, tecnologia, segurança, tolerância e unidade na diversidade.
O progresso linear e ascendente em linha reta não é um dado adquirido e permanente em termos civilizacionais.
A antiguidade greco-latina mostra-nos feitos incríveis alcançados por gregos e romanos que se perderam.
A imperatriz de Roma, Eudóxia, foi escravizada por um bárbaro, Genserico, líder de uma tribo germânica, os Vândalos.
Com a queda de Roma a Europa fragmenta-se e ficará dividida durante 1500 anos. Ficará fragmentada e habitada por bárbaros, para os romanos, em paralelo com os bárbaros que adjetivamos hoje de fundamentalistas e terroristas, tal como éramos e eram os germanos, gauleses, lusitanos, etc, no tempo dos romanos, para estes.
Com a desagregação do império romano, anglos e saxões vão para a Grã-Bretanha.
Francos, vão para a França atual, a que deram o nome.
Visigodos para a Península Ibérica.
Há vikings no norte da Europa.
Árabes no sul: Córdoba era uma cidade tolerante, de judeus, cristãos, muçulmanos, estimulando a ciência e as artes em geral, destoando da idade das trevas europeia e da imagem atual que temos, ocidentais, de várias sociedades árabes.
Aquando da primeira guerra mundial, falava-se em “grande guerra”, porque se acreditava ser a última (guerra), devido às luzes da tecnologia, da ciência positivista, segundo a qual as luzes derrotariam as trevas.
Há os que são coerentes quanto àquilo que defendem e fazem (moral da convicção) e os que dizem que os fins justificam os meios (moral da responsabilidade).
São Tomás de Aquino defendeu o tirocínio (morte do tirano), o que, na realidade, para muitos, é um ato terrorista.
A revolução contém estruturalmente terrorismo e violência.
Se é ganha, os ganhadores são heróis.
Se se perde, os perdedores são terroristas.
Quando se conquista ou ganha, deixa-se de ser mau /terrorista, para se ser bom/herói. Há a história dos vencedores e vencidos, conquistadores e perdedores, colonizadores e colonizados, a que a própria natureza, per si, também não é alheia.
Para quando uma civilização humana e humanista?
23.10.2020
Joaquim Miguel de Morgado Patrício