A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
LXVIII - UMA SÍNTESE EVOLUTIVA (I)
Em todo o ser humano há memória, decisiva para a avaliação que cada um tem do que nos circunda. Também no coletivo existe uma memória, embebida de relações trabalhadas, no caso português, no decurso de vários séculos.
A nossa exiguidade territorial sempre foi insuficiente e nunca nos confinou.
Partimos sempre, por carência ou insatisfação, sendo o português um povo que demanda.
Com o fim do império, e após longas viagens, regressámos a casa.
Retornámos ao Portugal terra e raiz, à finisterra ibérica, ao país europeu e europeísta.
Não sabemos bem como arrumar o passado e tanta memória, que permitiram pensar em grande a um berço pequeno em termos geográficos.
Para uns, extinto o império e defraudados os sonhos, a festa acabou. Já não há futuro, a não ser para, nostalgicamente, reviver o passado, lembrando-o através da memória.
Só que o passado é essencial, pois sem ele não construímos o futuro.
Mas Portugal não é mais o passado que foi, que imaginou e pensou ter sido.
Precisamos de uma ideia estratégica, assumida e partilhada por elites e cidadãos comuns. Necessitamos de um pensamento estratégico, desígnio nacional e visão tática sobre o próprio devir. Estratégia que mais que construída, tem que ser descoberta, desperta, renovada, renascida e requalificada, partindo de algo que já existe em nós.
Tem que ser, ao mesmo tempo, uma possibilidade plausível e adequadamente capaz de nos determinar a algo, motivando-nos.
Alguma coisa que todas as pessoas conhecem e com a qual a maioria de um país se identifica.
Como o é o nosso idioma, a língua portuguesa.
08.01.2021
Joaquim Miguel de Morgado Patrício