EVOCAÇÃO DO MAESTRO MANUEL IVO CRUZ
Refiro aqui textos de relevância cultural indiscutível, escritos e publicados muito recentemente por Guilherme d’Oliveira Martins: o longo artigo intitulado precisamente “Manuel Ivo Cruz“, evocação do maestro Manuel Ivo Cruz, meu irmão, texto que abre a edição da revista “As Artes Entre as Letras” (nº 280 – 16 de dezembro de 2020) a ele dedicado, e “Um Diálogo de Relógios”, conto de Guilherme d’Oliveira Martins, este na publicação que assinala o Natal de 2020 do Centro Nacional de Cultura, entidade que tem uma parceria com a revista dirigida por Nassalete Miranda.
No ponto de vista pessoal, e independentemente da amizade que me liga a Guilherme d’Oliveira Martins, da admiração pela sua vasta obra e pela colaboração que mantenho no Centro Nacional de Cultura, importa aqui e agora assinalar a interessantíssima análise histórica, artística e também familiar que liga Manuel Ivo Cruz à grande tradição da música portuguesa, na continuidade da vida e obra do nosso pai, Ivo Cruz (1901-1985), maestro, compositor, diretor-fundador da Orquestra Filarmónica de Lisboa e Diretor do Conservatório Nacional de 1932 até à sua aposentação em 1968.
E registo com óbvio interesse, neste número evocativo da revista, o meu irmão Manuel, como individualidade, como maestro e homem de cultura, “referência na musicologia portuguesa contemporânea, tendo sido uma muito relevante presença como maestro e como estudioso e divulgador da história da música em Portugal” escreveu Guilherme d’Oliveira Martins: e mais acrescenta um longo e detalhado currículo de Manuel Ivo Cruz, destacando não só a atividade como maestro mas também como escritor de temas da história e da criação musical e a sua internacionalização designadamente na formação na Academia de Mozart na Universidade de Salzburgo e em numerosíssimos concertos, que dirigiu designadamente em Portugal, Espanha, Alemanha, França, Grécia, Brasil, EUA Rússia e Venezuela.
Em Portugal desempenhou também funções relevantes em entidades de formação e cultura musical, muitas delas evocadas no número especial da revista, com estudos e artigos de Guilherme d’Oliveira Martins, mas também do próprio homenageado (“Reflexões em Dó Maior”) e de Leonor Cruz (“Saudades”) e de Victor Dias, João Pereira Bastos, Carlos Guilherme, Elvira Racher, João Correia Alves, José Miguel Júdice, Sofia Lourenço, Teresa Cardoso de Meneses.
E ainda artigos e textos diversos em áreas diversas da revista, estes da autoria de Paulo Ferreira da Cunha, António José Borges, Vasco Rosa, Rui Baptista, André Ventura, Lurdes Neves, Maria Virgínia Monteiro, A. Campos Matos, Levi Guerra e ainda outras rubricas e temas culturais diversos.
Tudo isto, repita-se, numa revista dedicada ao meu irmão maestro Manuel Ivo Cruz, com fotografias na capa e em numerosos artigos, imagens que largamente ilustram a edição e confirmam o tema geral: “A memória não se apaga”, sublinha precisamente a capa.
Menos ainda se apaga num irmão!...
DUARTE IVO CRUZ