CRÓNICA DA CULTURA
COMUNICAÇÃO: UMA FERRAMENTA HOLÍSTICA
Vai-se descobrindo ao longo da vida que muito também se fala para nós mesmos, bloqueando acessos à comunicação, impossibilitando, muitas vezes, o ponderar opiniões ao caminho do conhecer uma nova via.
Tende-se, por excesso, ou, inadvertidamente, a falar para dentro de nós, ainda que invocando diálogos, e, não raro, se afirma, uma comunicação, no preciso instante em que se continua a falar de si e para si.
O ser e o sendo também assim se confunde.
O problema da escolha em ato de liberdade implica a necessidade de nos soltarmos do tempo das perceções circulares, soliloquiais.
Abrir o devir, é abrir a partilha, ferramenta essencial que não receia a separabilidade, a impermanência, a própria perplexidade.
Há que ter claro o quanto a redução dos seres é superada pelo diálogo.
Em rigor, há que retrabalhar tudo, e não escamotear, o quanto as dicotomias são razão de afastamento, ruturas, desprezos, impossibilidades de compreender as pertenças de todos, os laços do pluralismo, a própria origem do amor.
Todavia, o isolamento em que se coloca cada um, quando não atenta o quanto apenas para si fala, cria um feixe de supostas relações, nas quais a coexistência e a tolerância são, afinal, realidades constituídas à cautela da sua interpretação.
Nenhum de nós é apenas a soma de partes. Somos raízes das pontes entre os mundo, num todo.
O tempo que nos segura, é o tempo do pensamento comungado, e esta conquista vital faz-se como a Mãe-Natureza ensina: comunicando para além de nós.
Teresa Bracinha Vieira