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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CADA ROCA COM SEU FUSO…


UMA CAPA MILIONÁRIA… 


Teve lugar há poucos dias um leilão histórico, no qual foi vendido por 3,2 milhões de Euros o primeiro original da capa do “Lotus Azul” da autoria de Hergé. Apesar da polémica sobre a proveniência da ilustração, o valor atingido bateu todos os records em relação à Banda Desenhada. A editora Casterman que colocou o desenho em leilão com uma base de licitação entre 2,2 e 2,8 milhões de euros, viu ultrapassadas as melhores expectativas em cerca de um milhão de Euros, o que surpreendeu todos os especialistas. Fica, porém, demonstrada a celebridade inigualável de Hergé, referência da BD e também da Arte Pop (ao lado de Andy Warhol e Roy Lichtenstein. A história continua rodeada de mistério, uma vez que há quem duvide que aquilo que foi contado corresponda exatamente à verdade. No entanto, o que importa é que, mesmo sabendo das dúvidas, houve quem se dispusesse a largar os cordões à bolsa num valor inimaginável – digno do milionário Carreidas. E talvez a polémica tenha contribuído para animar este leilão histórico. Sobre as razões que levaram a Casterman a vender este pequeno tesouro também se suscitou muita especulação – muitos disseram que tal se deveria a dificuldades financeiras da casa editora. Recorde-se que o anterior record do preço atingido por uma prancha de BD cabia também a Tintin com 2,6 milhões de euros para os originais de umas páginas de guarda para as publicações da casa de Tournai. Na versão oficial, o editor teria considerado que esta versão da capa seria de muito cara execução, pela grande superfície de negro exigida na quadricromia. Por isso, Hergé teria oferecido a versão não aceite a Jean-Paul Casterman, filho do editor, que a teria guardado religiosamente dobrada (como se nota na imagem) durante cerca de oitenta anos… Neste momento, não nos importará entrar nesta discussão – sobre se foi ou não uma dádiva de Hergé… O importante é dar nota do valor extraordinário atingido no leilão.


Este acontecimento, coincide com o anúncio pela Fundação Gulbenkian da grande exposição antológica que será inaugurada no Outono deste ano e que trará a Lisboa os mais importantes originais de Hergé…


Também hoje assinalamos os oitenta anos do encontro do Capitão Haddock com Tintin, em 9 de janeiro de 1941, no “Le Crabe aux Pinces d’Or” (O Caranguejo das Tenazes de Ouro). Para o efeito reproduzimos o desenho de Plantu, publicado na primeira página do circunspecto “Le Monde”. É caso para dizer “tonerre de Brest”, “Mille Miliards de Mille Sabords”, “Sacré de cercopithèque…”. Os tintinófilos estão todos de parabéns, uma vez que este companheiro de Tintin, que ele trouxe ao caminho da virtude e se tornou amigo inseparável é uma referência essencial. Plantu invoca a cena do esparadrapo em “Tintin au Tibet”, transformando-o na representação do terrível vírus Convid-19, de que nunca mais nos vemos livres.


Se dúvidas houvesse sobre o sucesso que se anuncia para a grande exposição de Hergé em Lisboa, parece que todos temos de reservar o nosso tempo, o nosso entusiasmo e a nossa curiosidade para a grande mostra anunciada, com mil milhares de milhões de surpresas…

 

Agostinho de Morais