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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

 

Da grande experiência fará sempre parte o imenso espanto com a possibilidade da existência.

Diria que neste encontro, o segredo conjunto da vida e da poesia, desenrolam-se, compensando a segunda muitos dos espaços em que a primeira se confina, reconhecendo apenas a marca do fim, enquanto a segunda, deitando mão à condenação, vive livre a ilusão da raiz de todos os amanhãs.

E não há paradoxo nesta realidade, antes constitui ela, um dos marcos de simultânea essencialidade das coisas na sua acontecimentalidade.

A arquitetura que integra a grande edificação da existência e nela da experiência, emanará sempre das íntimas contradições do que se vive, afinal, mundo exposto a todos e que a todos pertence.

Os momentos dominantes ou aqueles que mais se consolidam à nossa pele, seguramente se prendem com os nossos movimentos prisioneiros que nos aportam uma visão do ser que aceita mundo molemente seco, infecundo mesmo, e no qual o abominável vazio é o que foi e o que no dia-a-dia já era.

A presença da poesia ciente de uma existência condenada no próprio instante da vida tem capacidade de expor, o quanto ilusória é a visão convencional de uma diferença, e sem que negue que pode não haver ninguém exterior ao poema, afirmará então que a verdade pode estar muito, muito além do sentimento, e nós, ainda nós no seu interior.

Da grande experiência fará sempre parte o imenso espanto com a possibilidade da existência, dissemos.

Porque não correr o risco de assumir o quanto o abstrato é concreto, o quanto a inconcretizável esperança pode não ser inútil, bastando pensar que antes das separações tudo esteve unido.

 

Teresa Bracinha Vieira