A TRADIÇÃO DO(S) CINE-TEATRO(S) EM CASTELO BRANCO
Evocamos hoje, como a designação refere, a tradição de sucessivas salas de espetáculo descentralizadas e descentralizadoras, como o exemplo flagrante de Castelo Branco, onde desde já se alude desde logo à inauguração, em 1954, do Cine-Teatro Avenida, com duas peças na época marcantes: “Prémio Nobel” de Fernando Santos, Almeida Amaral e Nelson de Barros, e “A Ceia dos Cardeais” de Júlio Dantas.
Este repertório já hoje pouco diz para inauguração de um importante cineteatro, mas na época era relevante, como o era a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, do Teatro Nacional de Dona Maria II: e importa ter presente a relevância histórica e epocal dessa companhia, que tanto marcou a atividade e a cultura portuguesa na expressão teatral.
E também será oportuno evocar o espetáculo de inauguração, tantos anos decorridos mas tendo presente a oportunidade epocal e também, note-se, a qualidade (também de certo modo epocal...) do repertório em si como adequado a uma importante inauguração descentralizadora de cultura: sendo certo que dois dos nomes então relevantes na companhia teatral mas sobretudo na cultura de espetáculos da época eram também de Castelo Branco.
Referimos a Robles Monteiro e a Raul de Carvalho.
Robles era casado com Amelia Rey Colaço e diretor do Teatro Nacional de Dona Maria II, à época extremamente marcante e relevante na atividade teatral/cultural. E Raul de Carvalho era um grande e prestigiado ator da companhia, na qual efetivamente marcou muito do que se fazia e contribuía, insista-se, na época, para o teatro como cultura, como interesse público e como espetáculo...
E tivemos já ocasião de referir que este Cine-Teatro Avenida sofre um incêndio em 1986.
Nos anos 90 e municipalizado e mais tarde recuperado com apoio do Ministério da Cultura da época. Passou a ter lotação de algo como 700 lugares em plateia, balcão e alguns camarotes.
Instalou-se Iá, a certa altura, uma Escola de Música da Escola Superior de Artes Aplicadas.
Recorda-se que em Castelo Branco funcionou a partir de 1889 um chamado Teatro da União e a partir de 1893 um chamado Teatro da Sé, de tradição adequada nos edifícios. Em 1894 é inaugurado no antigo Convento de Santo António um então chamado Teatro de Castelo Branco que foi obviamente remodelado.
O Conservatório de Música de Castelo Banco é criado em 1974.
E há notícia de um chamado Teatro Vaz Preto dos anos 20 do século passado, onde, em 1932 se inaugura o cinema sonoro, o que na época era relevante no interior.
E daí para cá, a cidade foi cultivando as artes de espetáculo, até hoje. Isto, insista-se, vindo de épocas passadas, onde o acesso não era fácil e a cultura de espetáculos centralizada!...
DUARTE IVO CRUZ