A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
LXXIX - FONIAS “BOAS” E “MÁS”
Há teorias, tipo imperialista, que defendem haver línguas superiores, eleitas, mais perfeitas, coerentes e harmoniosas, baseadas na sua perfeição intrínseca, na superioridade de um povo, de uma raça, face às quais cedem as línguas inferiores e imperfeitas.
O mesmo sucede para quem defende a teoria das línguas ricas e desenvolvidas, por confronto com as pobres e subdesenvolvidas.
A ser assim, um país pobre, subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento, não falante de uma língua de eleição ou superior, deveria juntar-se ao grupo de línguas ricas e de países desenvolvidos.
Sucede, porém, que apesar da maioria dos países africanos terem como língua oficial o francês e o inglês, nenhum deles consta do grupo dos países mais desenvolvidos e ricos, embora contribuam com os seus recursos naturais para o desenvolvimento e riqueza daqueles.
Conclui-se, assim, que não é suficiente falar e ter como idioma oficial o inglês ou o francês para se chegar a desenvolvido e rico mais depressa.
E aceitar que há fonias “boas” e “más” é não querer perceber a estratégia e dinâmica dos blocos, ou estar ao serviço das supostas “boas”, colocando as presumíveis “más” numa inaceitável posição de subalternidade e subserviência.
Daí que quando se fala em anglofonia, francofonia ou lusofonia, o importante é o que tais conceitos encerram como definição de espaço linguístico.
26.03.21
Joaquim Miguel de Morgado Patrício