UMBERTO ECO E CARLO MARIA MARTINI (I)
Em Que Crê Quem não crê?
(Um livro acalorado e nós)
Existe uma noção de esperança que para todos signifique o mesmo?
Ou existe um otimismo trágico que também pode ser lido por otimismo da vontade?
Ou que o que existe é um tipo de enfermidade acordada, todas as vezes que o fim dos tempos sopra e à qual também chamamos esperança?
E poderá essa enfermidade ter-se tornado num hábito assente num erro e medita se, medita-se, e vamos fingindo ignorar a não resposta?
E também se pode dizer que se deu a essa enfermidade, um significado espiritual para que ela possua a ideia reguladora de nos julgar, e a nossa engenharia humana, aceita. Aceita porque os nossos medos se acostumam que assim seja.
E desafia-se a força desta esperança enferma, a enfrentar a força dos fantasmas, e ao fazê-lo, deixa de fora a sua irrealidade. Quanto alívio!
Às vezes, existe uma cor nos dias que parece aquela cor da alvorada que nunca existiria e que, no entanto, um tema, um dia inteiro expõe irreverente, com todo o poder do capital da cor que subscreve.
Aprende-se então que a cor tem poder de mando, reconhecida mesmo por aqueles que só se vincularam à razão.
Aprende-se que existe sim, uma noção de esperança, e que para todos não significa o mesmo.
É então chegado o tempo da permuta das razões em liberdade.
É então chegado o tempo do entreabrir de uma das portas do futuro dos homens não resignados com o seu presente.
Teresa Bracinha Vieira