UMBERTO ECO E CARLO MARIA MARTINI (IV)
Em Que Crê Quem não crê?
(Um livro acalorado e nós)
Cooperar num esforço comum, sem ambiguidades que valham como razão de comportamento moral, poderá ser uma das razões em que se fundamenta o dever de solidariedade sem que se invoque o transcendente como o caminho que a obriga.
O que é humano, e com ele, o que é condicionado, pode injungir a que valha como profunda razão de atuar, o que afinal se impõe, e impõe como dever ao auxílio do outro que está em nós.
E tanto é o tanto que se pode negociar, entre nós e o nós-outro.
Mas haverá que duvidar desta força humana, na medida em que a sua fragilidade reside no nós que se não aguentará no nosso limite?
E se se criar um espaço, um espaço único ao respeito pela dignidade humana, aquela que é a possibilidade maior do que nós mesmos, maior, no sentido de mais elevada à vida, qual parte de um céu que a nós nos conhece com e sem véu. Já bastará?
Desconhecemos. Somos propensos às questões de fronteira que, também aqui, expõem divergências de fundo. Indisciplinas? Tradições? Batizados? Doutrinas? O culto de Ísis, o verbo atar ou a mão do Papa?
Mas, talvez por isso, eis uma das grandiosas razões singulares:
apenas o diálogo, pode aportar um pouquinho de guia, lá mesmo no muito perto da morte ou da vida plena.
Teresa Bracinha Vieira