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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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ESCRITA ALQUÍMICA, A TUA POESIA


António, António Gamoneda, querido e doce amigo,


Como pensas que me esqueci de te escrever? Regresso a casa, como tu, atravessando a vida, e há sempre aquela erva cuyo nombre no se sabe; asi há sido mi vida por estes tempos. E por assim o saberes, te rogo que não julgues nada do meu silêncio. Recordo bem quando me deste a tua mão para entrar na neve e tinhas tanta razão! ou não é que se atravessa o inverno até chegarmos aos ossos humanos?


Querido António que a tua poesia é uma paz en mis ojos mesmo quando escuto o descrever da morte. E tudo cessa y cae Dios, um dia, naquele em que nada é verdade.


Escrevo-te também hoje por ser sábado, o primeiro de 2018. E tanto me lembro quando te conheci. Era sábado e senti que has llegado al gran sábado de la vida y amei as desaparições, sem receios.


Tudo o que me ensinaste seria redutor se o dissesse, até a escuridão dos teus paralelismos com as paisagens, pinturas, palavras, músicas, cores, nunca elas seriam tão escuras se não nos esclarecessem tanto a todos.


A descoberta da vida também é dolorosa e exige a descrição da mentira com uma precisão rara, e para isso é precisa a escuridão.


E quantas vezes encostei o meu ouvido à tua poesia e por ela tu prision en la melancolía, pois tudo na vida, durante algum tempo, é, el alimento por la esperanza.E só!


António, deixa que te lembre que atravessando


los aniversarios, a veces viajan las palomas ebrias
soy la ciudad y el viento, ah y los jardines! Estuve a punto de llorar hasta tu trono.


Juntos estamos e estaremos numa escrita rodeada de frutos. Os nossos livros algumas sementes!


Teresa, Teresa Bracinha Vieira


P.S. Não tenhas medo que eu também já sei que o amanhecer quando chega vem em pastilhas pardas. Peço-te: mira mis ojos en el instante de la nieve. Luego.


E recordo por entre as páginas que escrevemos:


(…) a inflexibilidade do destino grego, impede, por uma migalha, que os humanos sintam o mesmo, à mesma hora e pela mesma razão.

             Miro a mi amor, Luni.

Sim,

Es bueno ir por las calles y escutar tus passos

e ainda assim é bom de quando em vez pensar que quiero morrir en libertad como um caso de luz incorporada

o centro da luz que escuta o quanto não tens piedade do estrangeiro,

Ah António o universo e a criatura. Nada mais peças ou não tivesses sido um imenso ouvido

Es bueno ir por las calles y escutar tus passos

Luni, ah a pureza das facas abandonadas.

Sim, o zero e a completude são de uma claridade sem descanso.

Así las cosas.

Teresa Bracinha Vieira

 Obs: Solicitada a presente reposição.