Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
A temática dos refugiados é a base do seu trabalho
Segundo a Academia, o prémio foi concedido "por sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes."
Deste escritor tanzaniano ainda só li este livro By the sea.
Ficou-me sonoro na alma o que se possa entender por um requerente de asilo. Por um requerente de paraíso que há-de encher até fazer transbordar o saco que desde Zanzibar leva às costas e no qual também transporta um pouco de incenso: sua posse mais preciosa.
Depois uma história de amor e traição, de sedução e de desvendamento, de luz e névoa, angústia e medo e nunca, nunca a rota da trégua no caminho do refugiar.
Bem-haja quem denuncia estrada tão amarga, tão poço junto à boca: tão no ventre dos nossos dias.
É sempre dificílimo escrever sobre os livros de excelência.
Só devagar, muito devagar nos chega a coragem para que não fique por dar o reconhecimento às coisas da beleza, da memória, do entendimento e do horizonte.
E que as palavras consigam deixar um perfume, uma exaltação, um convite inequívoco a infinitos pormenores.
EUGENIO CARMI
Pintor, autodefine-se «fabricante de imagens».
Com Umberto Eco, tornou-se ilustrador.
UMBERTO ECO
Filósofo, medievalista, semiólogo e escritor, autodefine-se «fabricante de palavras». Com Eugenio Carmi tornou-se fabulista.
Neste livro, a linguagem apoiada por belíssimas ilustrações, propõe o convite para refletirmos sobre a tolerância na resolução dos conflitos, no legado às gerações futuras, nas consequências do ódio e do consumo e da incapacidade dos afetos se gerarem e multiplicarem com devoção e força.
Para tanto as entrelinhas da pintura e das palavras.
A ironia e o sarcasmo estão presentes como arestas indispensáveis ao que se invoca.
E era uma vez um general a quem os átomos faziam frente impedindo-lhe a decisão das guerras, a desarmonia das mães, das arvores e das casinhas brancas, conhecedores que eram da loucura dos buracos negros.
O general carregava na farda inúmeros galões o que muito acabou por ajudar ao seu novo emprego como porteiro de hotel. Por agora.
E era uma vez a Terra e Marte.
A Terra, demasiado apertada queria conquistar Marte e enviou cosmonautas.
Eram eles um americano, um russo e um chinês que afinal se entenderam quando o americano disse: - Mommy…
O russo disse: - Mama.
O chinês disse: - -Ma-Ma.
Viviam, enfim, os mesmos sentimentos!
Contudo quando conheceram o marciano dos seis braços não foram capazes de o amar, não fosse a intervenção de um passarinho que de muitos modos e só um, afinal, fez a todos concluir que a diferença não é inimiga.
E era uma vez um imperador que, desesperado, enviou um explorador para o espaço a fim descobrir novos territórios.
Este, tão logo viu um, muito belo e de gente prazenteira, dirigiu-se-lhes dizendo que vinha para os descobrir.
Os gnomos, habitantes deste planeta lindo, surpreenderam-se e responderam que estavam convencidos de terem sido eles a descobrir o explorador.
Na verdade, o explorador não gostou do que ouviu já que lhe tinham ensinado que tão logo se levasse civilização, os indígenas adotavam-na sem qualquer protesto.
Estava-se à vontade.
De regresso à terra do imperador, as forças falaram em voz pasma …
Julgamos que estamos confusos?, ou, quem vence, vence, bem mais na mente dos homens do que nos campos de batalha e a sorte do mundo e a dos povos é a que for a do destino das mentalidades.
Permiti que o digamos assim.
E, em rigor, o estar como se está por entre os terráqueos é como o aceitar de uma nova religião que se propaga e desfigura como a lepra.
Ouviu-se.
E mais:
Condenaram-se os homens aos seus desígnios de escravos, condenação esta tão compatível quanto assertiva pois a maioria aceitou-a.
Ergueram-se pedras, muros contra muitos saberes antigos como se fossem mercadoria impróprias, não vá o saber, neles, ser um saber do ar fresco da vida.
E eis que nem todas as mensagens oxidam. Eis que o inabitual não encandeia.
Eugenio Carmi e Umberto Eco, duas almas-ave ,deixaram-nos este livro qual ajudante-de-campo aos dias até onde e aonde luz e mundo nos permitam antes da partida desvendar o porquê de aqui estar, e qual o nosso destino.