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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

 

89. DA NATUREZA FINITA DA VIDA HUMANA À IMORTALIDADE


Os deuses sempre foram vistos como imortais.

Durante milénios, todas as grandes estruturas do universo estiveram associadas ao infinito e à imortalidade.

Galáxias, estrelas, planetas, eram considerados deuses e imortais. 

Mais divinizado era o deus solar, como Rá e Amon-Rá (deus do sol egípcio) e o Sol Invicto, do império romano. 

Por confronto, a natureza finita da vida humana sempre foi associada à mortalidade.

Nós, humanos, vemo-nos como seres frágeis, podemos morrer, enquanto outros elementos do universo, como as estrelas, eram tidos como imortais. 

Há quem creia que seremos imortais se conseguirmos parar e reverter o envelhecimento.

Há quem acredite numa química da imortalidade. 

Há quem avalize ser biologicamente possível a imortalidade, pois há animais tidos por imortais como, que conste, algumas medusas e um animal exíguo conhecido por hidra.

Interrogam-se, os cientistas, quanto a saber se um organismo complexo, como o nosso, pode alcançar a imortalidade.   

O “comprimido antienvelhecimento” será uma realidade nos próximos 10, 20, 30 anos.   

O envelhecimento é enfrentado como uma doença que se pode evitar. 

Mas atrasar, parar e reverter o envelhecimento, é envelhecer mais devagar e prolongar a vida, não a imortalizando.

Por que a fragilidade sempre foi um elemento da nossa substância, sendo os humanos frágeis numa escala temporal de 80, 90 anos, com a perspetiva de vivermos saudáveis até aos 100, 120, 130 ou mais.

Sucede que todas as estruturas do universo têm um fim, dado que não apenas a vida e mente humana é finita, como o é a vida na Terra, o sistema solar, estrelas, planetas, num universo que nasce, cresce e morre gerido pelas leis da física, condensando e agregando matéria intrinsecamente frágil.

Só que os humanos são frágeis e mortais numa escala temporal de várias dezenas de anos, ou um pouco mais, enquanto as grandes estruturas do universo o são numa escala de milhares ou milhões de anos, indiciando-se que tudo tem uma duração finita na escala temporal cósmica. 

Se o universo e a vida humana são mortais, em escalas temporais diferentes, a imortalidade existirá enquanto o ser humano o desejar e puder pensar nela.

É uma perspetiva inacabada do nosso lugar no cosmos, que cientistas nos ajudam a compreender, no meio do caminho com muitas pedras. 

Em que Deus, como ente sobrenatural e exterior à natureza, é um ser ou inteligência que está para além daquilo que a investigação científica pode alcançar.


17.12.21
Joaquim Miguel de Morgado Patrício