BREVE EVOCAÇÃO DO TEATRO DE JOSÉ SARAMAGO
Aqui fazemos uma breve referência à (também breve) obra dramática de José Saramago, nascido em 1922 e falecido em 2010, o que de certo modo torna cronologicamente oportuna esta citação. A ela certamente voltaremos, mas parece oportuno esta primeira referência, independentemente, note-se, do que eu lhe dedico como análise na “História do Teatro Português”, que aqui tenho citado. E justamente, a primeira referência que aqui faço será exatamente a evocação desse conjunto de peças, na altura da publicação da História acima citada.
E justamente: aqui evoco o que na época escrevi, tendo em vista uma análise, admite-se que incompleta mas sempre válida (na minha opinião), acerca da dramaturgia de Saramago, tal como deve ser citada.
Como referi, efetivamente Saramago, depois da adaptação, com Costa Ferreira, de um conto seu (“Fim de Paciência”) escreveu, a partir de 1970, peças que trazem para cena o temários dominantes do autor: “A Noite” (1979), visão realista da noite de 25 de abril de 1974 numa redação de jornal, “Que Farei com Este Livro” (1980) onde o protagonista, mais do que Camões é “Os Lusíadas” e alegorias heterodoxa e azedas, “A Segunda Vida de Francisco de Assis” e “In Nomine Dei”, ambas reflexo das angústias do autor. E acrescento agora “Don Giovanni ou O Dissoluto Absurdo” datada esta publicação de 2005.
E ainda acrescento que estas duas últimas serviram de base à ópera “Blimunda” de Azio Corghi.
Entretanto, importa fazer algumas citações de comentários críticos.
Assim, Luis Francisco Rebello, em “100 Anos de Tetro Português”, considera “A Noite” como “texto essencialmente dialético no seu aparente naturalismo e de uma invulgar eficácia teatral” . Especifica: “Obra de um realismo exemplar, a sua rigorosa estrutura, a perfeita definição dos carateres e a confrontação ideológica entre eles, a segurança do diálogo, revelaram um autêntico dramaturgo que a peça seguinte, um drama histórico tendo como protagonista o autor dos Lusíadas a que chamou «Que Farei com Este Livro» (1980) plenamente confirmou»…
E mais haverá nesta linha de criação: a ela voltaremos num temário que documenta a ligação por vezes inesperada entre o teatro e o romance!
DUARTE IVO CRUZ