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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA


EXTINÇÃO


À medida
que as sociedades desenvolvem parcerias humano-máquina que poderiam superar divergências, existe o perigo real de se gerar uma civilização, na qual, os indivíduos divergem afinal para realidades mutuamente ininteligíveis.

A razão tem sido uma prerrogativa da humanidade nas conclusões surpreendentes com as que avaliam o significado das descobertas.

No entanto, pergunta-se, como lentamente foi possível não registarmos a nossa dependência no que comemos, no que vestimos, no que permitimos que fizessem aos dias?

Será que o limite do conhecimento humano surge claro agora porque o seu caminho - e nele o do homem - é o da inevitável extinção?

A resistência criativa que despertava até a profunda desobediência civil, agora, regista-se, no que respeita à questão climática, num alerta morno no fazer entender o que se passa, não tendo concebido atempadamente meio e ação suficientemente disruptiva que chamasse a atenção da morte.

Morte não é mensagem é algo que acontece mesmo.

Atualmente, as direções que poderiam travar a extinção do mundo tal como o conhecemos, são portadoras de um selo de desempenho pouco credível ao qual responde a poderosa negligência grosseira, perversa mesmo, sem responsabilidade por aquilo que sacrifica.

Não se trata de imolar um certo número de cidadãos com a finalidade de salvar um número ainda maior. Trata-se de ignorar o conhecimento que arrasta a extinção sem que a mesma se possa reverter a tempo.

Nas manifestações em geral - a favor da causa climática - prendem as pessoas erradas, não se identificam as decisões que retiram o oxigénio aos presos e aos que os prendem, numa roleta que já pouco de humana tem.

Foi-nos definido por alguns, um domínio para lá do alcance humano, e eis-nos a deitar mão de medicamentos que, enfim, não eliminam os agentes patogénicos.

A extinção, diga-se, nunca é mensurável, basta ser suficiente, e os motores de busca também já a escolheram.

 

Teresa Bracinha Vieira