CRÓNICA DA CULTURA
EXTINÇÃO
À medida que as sociedades desenvolvem parcerias humano-máquina que poderiam superar divergências, existe o perigo real de se gerar uma civilização, na qual, os indivíduos divergem afinal para realidades mutuamente ininteligíveis.
A razão tem sido uma prerrogativa da humanidade nas conclusões surpreendentes com as que avaliam o significado das descobertas.
No entanto, pergunta-se, como lentamente foi possível não registarmos a nossa dependência no que comemos, no que vestimos, no que permitimos que fizessem aos dias?
Será que o limite do conhecimento humano surge claro agora porque o seu caminho - e nele o do homem - é o da inevitável extinção?
A resistência criativa que despertava até a profunda desobediência civil, agora, regista-se, no que respeita à questão climática, num alerta morno no fazer entender o que se passa, não tendo concebido atempadamente meio e ação suficientemente disruptiva que chamasse a atenção da morte.
Morte não é mensagem é algo que acontece mesmo.
Atualmente, as direções que poderiam travar a extinção do mundo tal como o conhecemos, são portadoras de um selo de desempenho pouco credível ao qual responde a poderosa negligência grosseira, perversa mesmo, sem responsabilidade por aquilo que sacrifica.
Não se trata de imolar um certo número de cidadãos com a finalidade de salvar um número ainda maior. Trata-se de ignorar o conhecimento que arrasta a extinção sem que a mesma se possa reverter a tempo.
Nas manifestações em geral - a favor da causa climática - prendem as pessoas erradas, não se identificam as decisões que retiram o oxigénio aos presos e aos que os prendem, numa roleta que já pouco de humana tem.
Foi-nos definido por alguns, um domínio para lá do alcance humano, e eis-nos a deitar mão de medicamentos que, enfim, não eliminam os agentes patogénicos.
A extinção, diga-se, nunca é mensurável, basta ser suficiente, e os motores de busca também já a escolheram.
Teresa Bracinha Vieira