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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

UCRÂNIAS

  

 

Nunca perde o dia
Quem passou pelo ponto exato
Da vida


Nunca perde a liberdade
Quem a vive na mesma aldeia
De um tempo


A espera é longa
Presentes
As infinitudes de coragem
Em noites de sangue pastoso


Quando as agonias
São gente em morte
Que nos entra pelas órbitas
E nos açoita


Irmão:


Sou um pequeno cascalho
Mas ainda veículo


Ao teu lado
Aceita-me


Basta-me até tu


Minha maravilha

 

Teresa Bracinha Vieira

CRÓNICA DA CULTURA

então e agora?
l’espoir dans la tristesse?
how to read this building?

  

Podemos começar pela luta se ela tiver como destino a mudança, mas aquela mudança que se inicia em nós, e que nos explica o quanto não somos quem eramos quando a começamos.

A horrenda perda de vidas rompeu e rompe a confiança e a credibilidade na universidade das culturas de cada um.

Como entender o significado da barbárie? Aquela mesma que escuta o vizinho a gritar e não presta ajuda?

As humanidades e as religiões não bastaram, Buchenwald foi realidade.

Tocar Mozart e torturar na manhã seguinte será sempre uma pergunta sem resposta.

Todavia, a música é a prova do que somos incapazes de dizer, e nem com esta consciência, ensinamos a mais elevada tarefa no formar de seres, como seres capazes de encontrar um propósito humano nas suas vidas.

Também o procurar por um conhecimento desinteressado, é raridade que vive em solidão, é realidade que mesmo oferecendo um abraço, poucos o aceitam de lágrima feliz.

Como nos disse Valéry em 1919 « Nous savons maintenant que toutes cultures sont mortelles ».

Na verdade, ter muito dinheiro e fazê-lo render qual forreta agiota e coisificado, ocupa preocupações de que esse dinheiro se deite confortável na vida de quem o tem, afinal, quais comerciantes não amigos de ninguém como bem refere A. Saint Exupéry.

Qual a distância real entre estas gentes e os que queimam e queimaram livros, sobretudo para banir os poetas, cujo poder incalculável, sem conhecerem, temem.

É absolutamente necessário que o ser humano recupere a credibilidade, e para isso, a grande Escola é a das Humanidades e a da Ciência de alma na alma de cada uma.

O fosso que as tem separado é inexplicável tal como os preconceitos o são.

Como bem registo, os problemas do direito são hoje problemas do foro biogenético.

Como bem registo alguém que tenha sucesso nos negócios tem de saber por que razão as coisas são como são: e este é um mínimo conhecimento da física.

Contudo, parece que a preguiça atingiu os seres, qual pandemia que impediu que se entendam os saberes dos filósofos, que, sempre disseram, por óbvio, que se deveria entender ciência enquanto se estudava a metafísica e o inverso.

Estarrece que as gentes da ciência sintam pueris superioridades que, legitimam as guerras a colegas nas mesmas áreas ou às ditas humanidades, ou que estas últimas tenham um perverso sorriso face aos que estudaram ciências.

Assim também vão as guerras dos comportamentos antropofágicos do povo de bem.

C´est souvent l´homme pour qui tu es allé puiser l´eau dans la rivière qui a excité le léopard contre toi.

  • Proverbe Africain -

Parecem desconhecer, tal a erudição que dominam, o quanto não souberam usar sequer o poder de educação dos filhos como a grande e tranquila razão. 

Esquecem-se que toda a produção cultural é propriedade das nações. Esquecem-se de lutar por.

E não é que me refiro em tudo isto à catástrofe terrífica das guerras?

Não é que me tento referir à lealdade que cada ser humano deve a si mesmo?


Digo:

Se o derradeiro horror é não podermos regar o jardim de cada um por falta da nuclear água, não digam que é muito difícil regá-lo com amor. 

O mundo está em movimento, cabe-nos definir uma direção em misericórdia e compaixão, face a nós próprios, 

Le thème c'est l'humanité

 na guerra e na paz.

 

Teresa Bracinha Vieira