CRÓNICA DA CULTURA
SETE CARTAS
Era no quarto o tempo do território imenso do instante
Era também por entre as arvores e todas as cores à beira-mar e à beira-céu
A porta da casa abrira-se momentos antes e com ela a memória iniciava-se
Não consigo olhar para si sem tremer. Fomos. Somos, não tenho palavras
Quero que saiba para onde vou uns dias. Ou antes não vou. Indo, fico mais aqui. Estarei lá só a pensar em si
Se me disser que sou o seu máximo denominador liberta-me com uma mentira, eu sei. Mas queria tanto ser o seu flagrante se a minha proposta por si aceite
Fechei o olhar. Tudo é secreto sem ser. O que possa parecer mais insignificante de si em mim é volúpia da significação
A consciência do seu corpo é meu nítido grito. Aviso de que a minha vida
É sua dependência
Em nome de si, amo
Ajude-me, parece-me que estou perto da morte e uso todos os símbolos como sinais de abraços que seguram
O meu propósito
E eis que mais nada lhe consigo escrever.
Hoje, já lhe enviei sete cartas
Todo o excesso se acumula. Beijo
Penso na sua existência
Seu
Teresa Bracinha Vieira