Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA


SETE CARTAS


Era no quarto o tempo do território imenso do instante

Era também por entre as arvores e todas as cores à beira-mar e à beira-céu

A porta da casa abrira-se momentos antes e com ela a memória iniciava-se

Não consigo olhar para si sem tremer. Fomos. Somos, não tenho palavras

Quero que saiba para onde vou uns dias. Ou antes não vou. Indo, fico mais aqui. Estarei lá só a pensar em si

Se me disser que sou o seu máximo denominador liberta-me com uma mentira, eu sei. Mas queria tanto ser o seu flagrante se a minha proposta por si aceite

Fechei o olhar. Tudo é secreto sem ser. O que possa parecer mais insignificante de si em mim é volúpia da significação

A consciência do seu corpo é meu nítido grito. Aviso de que a minha vida

É sua dependência

Em nome de si, amo

Ajude-me, parece-me que estou perto da morte e uso todos os símbolos como sinais de abraços que seguram

O meu propósito

E eis que mais nada lhe consigo escrever.


Hoje, já lhe enviei sete cartas


Todo o excesso se acumula. Beijo
Penso na sua existência


Seu

 

 Teresa Bracinha Vieira