CRÓNICA DA CULTURA
DIÉBÉDO FRANCIS KÉRÉ: UM MESTRE VIVO DA ARQUITETURA MUNDIAL
Francis Kéré habita entre os tempos projetando futuros, muito mais do que obras.
Nem a poesia nem a arquitetura sabem onde está o limite, mas ambas sabem que não está nos olhos que secam nem nas sensações: ambas são um serviço à humanidade sim, um serviço de essências únicas de lugares e épocas e chamamentos.
A abordagem sensível e respeitosa das realidades na Arquitetura é também a da descoberta de um material com capacidade para reter o ar mais frio no interior de uma casa, enquanto permite que o calor se escape através do telhado, e assim as vidas se vivem no melhor acordo de acolhimento com o que as rodeia, produzindo-se ventilação sem ar condicionado.
Assim a escola em Africa do burquinês Francis Kéré.
Da limitação de recursos também se faz a Arquitetura e se pode construir nos locais mais pobres do mundo.
Uma das grandes argilas é saber ser Arquiteto e servo, melhorando as vidas e as experiências das pessoas em diferentes contextos.
Diz Francis Kéré
“Não é porque se é rico que se pode desperdiçar materiais, e não é porque se é pobre que não pode procurar qualidade. Estamos todos conectados.”
Kéré ambiciona a chave de um outro paradigma e tal como o Poeta segue num afastamento o que mais procura, ele sabe que assim e por ali, o início da obra de arte irá nascer do barro fresco que se oferece à sede.
“Ele sabe, por dentro, que a arquitetura não é sobre o objeto, mas sobre o objetivo. Não sobre o produto, mas sobre o processo”.
Estas as palavras da comissão do Pritzker recebido este ano por Diébédé Francis Kéré.
“Estamos, definitivamente, interligados. As preocupações com o clima, a democracia e a escassez devem ser preocupações globais e comuns a todos nós”, diz Kéré.
Uma honra voltar a lembrar aqui este Arquiteto que tão profundamente sabe ver, e deste ver, obter o serviço do prestar o bem-estar através da arte.
Teresa Bracinha Vieira