CRÓNICA DA CULTURA
RENZO PIANO: um dos superiores expoentes da arquitetura mundial
“A minha inspiração veio da terra…e, claro, de Paul Klee…e a poética das suas pinturas”
Sempre que olho as obras de Renzo Piano, a minha inquietação acerca do facto dos seres terem abdicado de compreender o mundo como um todo e o terem aceitado em especialidades que não comunicam, a minha inquietação, dizia, desespera, face ao loteamento mental que se regista no agrado da atual sociedade.
Renzo é um excelente exemplo de quem nunca corporizou uma visão de perspetiva limitada.
"A diversidade do conhecer é um valor, não é um problema". R.P.
A paisagem da pedra é a melhor prova de que a Natureza vive de um diálogo entre presente e passado e que tem medula comunicante, e há que aprender com essa comunicação como quando se vai a um museu e se perdem os olhos para melhor se reencontrarem, tal foi a aproximação e a emoção que provocou.
A arte propõe-nos também a reflexão de que aos méritos da especialização se deve estar atento, sob pena dos nichos se sobreporem ao somatório do qual tudo é feito.
Não podemos negligenciar o que fica de fora do julgar que se entende manusear com mestria.
Ortega Y Gasset já chamava a atenção que a emergência do “homem-massa” surgia cada vez mais pelo aparecimento de cientistas e menos de pessoas cultas.
A especialização é a chave de muitos saberes, é certo, mas não pode ser ela a fragmentação que impede o ser de compreender que, se se distanciar, o horizonte do espaço de linguagem onde passará a viver é um superior alto e rotundo.
Certo é que compreender a realidade à volta, implica a necessidade intrínseca, de transmitir conhecimento.
Renzo Piano, também se refere à arquitetura como um gesto cívico, devido ao modo como afeta a vida diária de todos nós, além de ser igualmente nesse espaço que a história se desenrola.
Renzo tem tido a grande capacidade de se reinventar e de compartilhar a criatividade debatendo, escutando, comunicando o que afinal também constitui parcelas do imaginário público.
A sua ideia de fazer “um edifício voar”, criando algo com a gravidade zero, retira a teima de o colocar no compartimento da arquitetura high-tech ou outra.
Os seus projetos não costumam ter características que se repetem.
Arquitetura é arte, mas arte bastante contaminada por muitas outras coisas. Contaminada no melhor sentido da palavra – alimentada, fertilizada por muitas outras coisas.
R.P.
The shard conhecida por London Bridge Tower: outra proposta de Renzo Piano por Paul Klee e por toda a poética.
Teresa Bracinha Vieira