CRÓNICA DA CULTURA
A TEORIA DO CISNE NEGRO: COMO NAVEGAR?
A Teoria do Cisne Negro de Nassim Taleb explica o quanto os fenómenos imprevisíveis, alteram o nosso equilíbrio a todos os níveis, de psicológico a económico a político.
Nassim Taleb assenta a sua teoria nos exploradores do séc. XVII quando chegaram à Austrália e descobriram que existiam cisnes negros, sendo que até então se presumia que todos eram brancos.
Mas será que hoje, sabendo nós que existem cisnes negros, imaginamos que veremos algum? Talvez o mesmo aconteça com a severa adversidade e o profundo sofrer.
Quase ninguém prevê o que pode acontecer, sobretudo se se tratar de eventos de baixa probabilidade de ocorrência, como na Teoria do Cisne Negro.
Todavia, os epidemiologistas têm alertado para o surgimento de pandemias, o que implica que a comunidade científica não viveu a recente pandemia sob a teoria do Cisne Negro. O mesmo acontece com o aumento do terrorismo entre outras realidades complexas para as quais as mentes já devem estar preparadas.
Todos sabemos que de um modo ou de outro o mundo é imprevisível. Ainda assim, parece que o nosso cérebro não está precavido para a mudança que desestabiliza e surpreende o enfrentar.
Também se desconhece como deixar dentro de nós espaço para o caos. Para a possibilidade da tragédia.
Talvez por isso, as rotinas nos soam a estabilidade familiar.
Mas se tudo era incerteza agora é ansiedade.
O medo tudo envolve na aceleração exagerada da vida. No mundo paira o medo: medo de falta de dinheiro, medo da doença, medo de sair e socializar, medo da solidão, medo de tudo o que possa ruir numa relação, medo de perder a hiperconetividade, medo das deslealdades, enfim, medo.
Dirá Nassim Taleb, que se na resiliência continuamos apesar dos apesares, na antifragilidade continuamos por causa dos apesares.
A antifragilidade é o que desperta a mola propulsora que aprende a se sobrecompensar.
Não se escolhe não sentir para não sofrer, mas sim, existe uma aceitação, um aprendizado, uma evolução, um convite para navegarmos diante de uma nova realidade.
O que turba são as fantasias e «o que é» em vez de «o que devia ser».
Teresa Bracinha Vieira