CRÓNICA DA CULTURA
Vejo as aves marinhas das nossas vidas
Chega-se a um final de ano no século XXI, em que em muitos espaços do território Terra, o governar, é uma busca constante para que a perfeição do governo resida na justificação da desumanidade.
Deveria haver uma deportação perpétua para um lugar onde se isolassem estas gentes que queimam viva a paz, e seguissem elas para um entreposto de onde nunca mais saíssem, e ali, aninhadas, num gargalo, entre nada e nada, nunca desistiriam, seguramente, de se torturarem, de se matarem, numa avaliação de pares.
Contudo, há quem nos queira destinar a vaguear como nos sonhos, para deles sairmos derrotados, secos.
Justificar o poder absoluto e a brutalidade do mesmo, é justificar a criatividade do controlo humano para reprimir.
Homens e mulheres devem ser seres sub-humanos que não podem resistir à opressão.
A modernidade tecnológica só deve ser usada para a mais minuciosa vigilância que cumpra a abrangência do mundo para o anti-humanismo.
O desrespeito pelo ser humano individual implica o controlo do Estado pelo próprio pensamento.
E se tudo isto resultar, qual a popularidade até nossas casas?
Quantos saberão identificar o sentimento liberdade sem recorrer a um sistema de vídeo de vigilância?
Apenas posso dizer que, do ponto onde estou, vejo as aves marinhas das nossas vidas, ainda fora do controlo, musas que unem verso e reverso, e, possuídas de um voo que se não deixará atalhar.
E virão sempre, elas, as aves marinhas,
soalheiras.
Ah! Virão, virão,
sim!
Teresa Bracinha Vieira