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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

  


12.

Também se pede à vida

umas partes de sol,

uma tranquilidade

sem exigências

e sumo e pão

e um quieto de palavras

que digam o que as almas sentem.

Depois

a guia de remessa dá volta ao mundo

e regressa sem compreender

o mesmo amor


13.

O espelho do quarto

ergue-se para quem entra,

segurando-lhes o pó embrulhado nos olhos

secos que o fitam.

A pura resistência da imagem que devolve,

evoca

o sentido de ideia,

a coragem do debruço

que não é paralelo


14.

Às vezes é tão momento

que os deuses se calam,

os santos suspendem-se,

é feriado no interior das revoluções

e os comboios seguem num para cima,

sempre para cima, levando todos os quase irreais.

O beijo,

sozinho no com o outro,

realiza-se


15.

Todos também decadências e casas assentes na derrota;

todos cruzados no desfilar na vida, dourados, amarelados, mendigos;

todos consequência e critério de coisas intraduzíveis;

todos maus lenhadores das romarias do erro;

todos cauda e manto da morte;

todos vestidos de exílio;

todos ainda nem chegados ao meio-dia;

todos farrapos de sobretudos;

todos criança sem mácula da realidade;

todos, de novo pasmados, quase humanos:

todos

à porta de qualquer coisa,

à porta do sem dúvida

de bicos de pés, à cata da discutível janela

que demora

pois


Teresa Bracinha Vieira