…POEMA
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e os humanos não cegaram na expectativa dos massacres.
Os humanos precisam de os testemunhar para que a visão da carniça seja sinal de que por nada mais terão de se incomodar, por ora.
Trancados no sem nada, os humanos, espreitarão os vídeos cujos registos abarcarão os gritos excruciantes do sangue expulso da vida.
A mortandade é geral: crianças, bichos por superioridade, plantas e água, de nada se faz apartação.
Destes cemitérios não há morte por excesso.
A morte aqui não indigesta.
Os humanos, só aguardam a notícia de que foram quase todos, definitivamente mortos, e os restantes humilhados - pedernalmente - para que prefiram sempre a pedra à folha.
Para os humanos estas mortes nunca vêm para um só morto, mas antes para uma classe de maioria, a mesma que é sempre recrutada de onde ninguém a viu voltar.
Os humanos não dizem, mas aguardam que posteriormente aos seus extremos, a sua ossatura fique mais forte que o esqueleto comum das suas almas.
Assiste-lhes a razão.
Depois, os humanos, de tão completos e complexos, realizam-se nos cemitérios gerais da estatística do tanto por tanto, humanizando-se em mortos de cifra e assim obedecendo ao dono.
Mas um dia alguém não dorme como se não fosse com ele.
Um dia, quero crer, a consistência rala dos humanos, irá expor um olhar inédito que não é algo vestido de branco nem de um deus.
É amor.
Um dia que não absolverá nem quem o pensa, nascerá num outro lugar
e será
então
um dia
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Teresa Bracinha Vieira