POESIA
ODISSEIA (2)
VI
A metalinguagem é lava
que só um pássaro habita no chamado
da ideia.
VII
As cores têm nas suas bolsas
outras cores, outras perseveranças,
aquelas mesmas que nos respondem à pergunta
se estaremos juntos para sempre
quando não estivermos em lugar algum.
VIII
Se cada poema faz esquecer o anterior,
cada silêncio entra na amnésia
do que não foi dito.
Resta que poema e silêncio se envolvam
e consigam o dia bom
conforme o tinham imaginado.
IX
Há também um tempo que vem embrulhado
num labirinto sem portas.
É talvez este um tempo que só se lê numa linha de ação:
“Amélia olha pela janela e não retoma nenhum caminho.”
X
Há que acreditar em novas respirações:
por exemplo, quando se chega ao autor
pela leitura;
quando se acede ao leitor pela palavra;
quando o texto a todos lê:
perdigueiro, perdigueiro.
Teresa Bracinha Vieira