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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

ODISSEIA (2)


VI

  


A metalinguagem é lava

que só um pássaro habita no chamado

da ideia.


VII

  


As cores têm nas suas bolsas

outras cores, outras perseveranças,

aquelas mesmas que nos respondem à pergunta

se estaremos juntos para sempre

quando não estivermos em lugar algum.


VIII

  


Se cada poema faz esquecer o anterior,

cada silêncio entra na amnésia

do que não foi dito.

Resta que poema e silêncio se envolvam

e consigam o dia bom

conforme o tinham imaginado.


IX

  


Há também um tempo que vem embrulhado

num labirinto sem portas.

É talvez este um tempo que só se lê numa linha de ação:

 

“Amélia olha pela janela e não retoma nenhum caminho.”


X

  


Há que acreditar em novas respirações:

por exemplo, quando se chega ao autor

pela leitura;

quando se acede ao leitor pela palavra;

quando o texto a todos lê:

 

perdigueiro, perdigueiro.


Teresa Bracinha Vieira