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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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POEMS FROM THE PORTUGUESE

POEMA DE JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA 

  


Cão


Envelhecemos lado a lado, meu amigo,
companheiro das sinuosas veredas de cardos e
urtigas,
guardador dos rebanho brancos e de cada
solitária rosa dos meus dias,
calámo-nos juntos, meu amigo,
companheiro de maculada voz,
e agora já não poderei levar-te desta margem às
outras margens,
onde havias de suavizar, ternamente, as minhas
feridas.
Sei que em breve te direi adeus.
Tenho medo de saber como serão as horas de
uma casa,
vazia para sempre, depois de ti.


in Esta voz é quase o vento, 2004


Dog


We grew old side by side, my friend,
my companion of winding paths of thistles
and nettles,
guardian of white flocks and
of the solitary rose of my days,
we stood silent together, my friend,
my companion of maculate voice,
and now I’ll no longer be able to take you from this shore
to another,
where you would, tenderly, soothe my wounds.
I know I’ll soon bid you farewell.
I dread knowing how the hours of a house
will be,
forever empty, after you.


© Translated by Ana Hudson, 2014
in Poems from the Portuguese