CRÓNICA DA CULTURA
Os inúmeros pontos de não-libração
Desde que transpusemos a atmosfera terrestre, o espaço tornou-se campo de batalha política.
Na verdade, os países podem vir a reclamar novos territórios, nomeadamente em Marte ou na Lua, e disputá-los como aconteceu e acontece na terra.
Acreditando que a Geografia não está desatenta aos novos mapas do futuro do mundo em tudo o que se relaciona entre o homem e o meio, o caminho até ele, passa pela destruição do já volumoso lixo espacial em analogia com a situação na Terra.
Competição e cooperação entre os Estados têm já lugar, contudo a pergunta é pertinente: ainda se vai a tempo de impedir que o espaço seja lugar de guerra?
Até à data os países envolvidos na conquista do espaço têm partilhado informações, nomeadamente sobre alterações climáticas, de entre as quais a descoberta do buraco de ozono por cima da Antártida, mas há que não esquecer que os controlos dos satélites de comunicação implicam o domínio da Terra, infelizmente sem o maravilhamento do quanto o homem com eles poderia alcançar.
Afinal até já temos uma astropolitik com o entendimento do professor Everett Dolman de que o espaço é «um panorama rico de montanhas e vales gravitacionais e cheio de recursos e de energia».
Certo é, também, que as viagens espaciais vão ficando cada vez mais baratas e a rapidez com que tudo acontece passou a ter velocidade cósmica.
Impossível, de facto, e aqui chegados, não sensibilizar comparações com as Companhias das Índias que estabeleceram comércios em monopólios e o quanto a História, repetidamente tem demonstrado querer, na competição pelo poder que dita, obter as regras das marcações de novas fronteiras geográficas através de abruptas invasões.
As cartas de navegação espacial constituem verdadeiras vistas de caminho dominante às potências que dominam a astropolítica, resta-nos construir os navios à vela que conheçam a importância do desfrutar das brisas celestes, no chamado dia de todo o futuro.
Teresa Bracinha Vieira