CRÓNICA DA CULTURA
A GRANDE VIAGEM
O GRANDE DESPERTAR
É condição de êxito na vida o entendimento funcional de comportamentos que nos facultam a estreita união com o mundo. E tanto basta afinal a uma resposta que constitui o nosso grande equipamento.
Tudo o que nos confere vantagens adaptativas ao crescimento em graus de atividade e latência, confere-nos combinações de raciocínios e sentires, a partir dos quais se desimpedem pensares aos quais se atribuíram enormíssimas importâncias, quando não, superioridades medidas apenas pelos ralos de ângulos secos.
Jane Goodall, primatóloga, é doutorada em Etologia pela Universidade de Cambridge, e tem grau de Doutor Honoris Causa em mais de 45 universidades do mundo.
Jane Goodall, é e foi a experiência luminosa e exaltante, vivida e transmitida pela complexidade de pasmosas singularidades:
um lance ao invés de tudo.
Compartilhamos 98,6% de nosso DNA com os chimpanzés, mas o mundo sabia muito pouco sobre eles até que Goodall, a cientista britânica chegou a Gombe (Tanzânia), em 1960 e seis décadas depois, cada fórmula de verdade decifrada, ajudaram o mundo a refletir o quanto se ampliarmos a visão do grão, sempre outros pormenores se mostram imprescindíveis ao mistério do mundo; o quanto um constructo conforme à indagação nos ajuda a refletir sobre o que é ser humano e como contribuir para um mundo mais sustentável e consciente.
Questionada em 2010 se acreditava em Deus, a antropóloga respondeu:
"Não sei quem é ou o que é Deus. Mas acredito num poder espiritual maior. Sinto em particular quando estou na natureza. É algo maior e mais forte do que qualquer outra coisa. Sinto-o e isso é suficiente para mim".
“Eles buscam o contato físico para aliviar o nervosismo ou o estresse. É muito parecido connosco."
E acrescenta:
"Foi muito chocante descobrir que, como nós, eles podem ser brutais e até mesmo travar uma espécie de guerra. Eles também podem amar de forma altruísta. Eles mostram os dois lados da natureza".
Jane Goodall descobre também que o fabricar e o próprio uso de ferramentas não é atributo exclusivo dos humanos e a essa constatação respondeu Louis Leakey:
TEMOS DE REDEFINIR FERRAMENTA; REDEFINIR HOMEM
Digo, com profunda humildade que a grande viagem e o grande despertar dão-nos o limiar de expressão, de motivação para desencadear um comportamento e um paralelismo com a própria oferenda ritualizada, oferenda que simboliza intuições propiciatórias em sucessivos movimentos de intenção.
De registar que Jane Goodall chegou a ser acusada de antropomorfismo, o pior dos pecados etológicos.
Enfrentou igualmente a comunidade científica por ser jovem e por ser mulher.
Constatou o quanto os humanos se não redefinem no seu interior, o quanto não saem do seu pedestal para entender que outros seres também têm emoções, são inteligentes, sentem empatia e dispõem de um sistema social próprio.
Compartilhando alimento
Jane Goodall, bem tem conhecimento que os primatas que desejam a paz, têm de desviar a arma da direção do seu adversário: movimento e forma têm um significado conhecido de todos, enfim.
Em rigor, adotar um sistema de escala de dominâncias isolando indivíduos, exprime zonas claras de intolerância e desencadeadoras de medos que apenas submetem e humilham para comandar.
Eis os grandes fragmentos da vida social humana.
Eis como os fenómenos da catação inspiram as hierarquias sociais a um estatuto que as conduz aos objetos em disputa que lhes darão credibilidade e poder, e sem pudor, os excessos de visualização dos humanos expõem-se como se se não tratasse de verdadeiros comportamentos agressivos.
“O que você faz, faz a diferença, e você tem que decidir que tipo de diferença você quer fazer.” (Jane Goodall)
O desafio é o da visão lúcida! Sempre foi! E só a partir daqui se iniciam as mudanças do todo que igualmente sempre foi composto por partes que se influenciam mutuamente.
Teresa Bracinha Vieira