CRÓNICA DA CULTURA
O FUTURO DE TUDO (1)
A inteligência humana não se compraz com um estado ter o limite de apenas poder ser verdadeiro ou falso.
A inteligência humana não funciona deste modo nem se baliza pela lógica booleana.
A inteligência humana para um mesmo problema acede a múltiplas variações em consciência, em perceção, em intuição, em previsão e em outras competências, e não é binária.
Mas há um reino que pela sua capacidade para combinar dados invisíveis ao nosso “olhar”, interage connosco de tal modo que nos surpreende o não distinguirmos, se o que nos espanta nos chegou ou não de uma máquina.
Pode-se então dizer que a IA combina dados de modo imprevisível não se limitando a meras colagens, revolucionando positivamente muitíssimas áreas, tal como a da medicina e dentro desta a da imagiologia particularmente, tornando-a muito mais eficiente, precisa e acessível.
A IA surge assim como uma nova razão.
Mas na IA não se paga o tempo do pensar humano.
Tudo deve ser rápido, produtivo e barato e justificador da extinção de milhões e milhões de empregos e profissões, e que as máquinas possam até disputar novos espaços recorrendo à arte convencional.
No curto prazo, a capacidade de adaptação preenche o tempo de novas profissões surgirem, mas apenas no curtíssimo prazo esta adaptabilidade terá cadeira e assento. A medida do tempo é agora diverso e implica diferentes estabilidades.
Caberá aos engenheiros de prompt, cruciais no estímulo das máquinas, obterem da IA as respostas mais precisas; caber-lhes-á o serem capazes de desempenhar as funções de “DJ” ao escolherem as melhores “músicas” (ou prompts) para que a IA possa tocar cada vez melhor a fim de que a sofisticação da resposta da IA seja cada vez mais eficaz.
E que realidade conduzirá ao fim da humanidade tal como a conhecemos?
Quem sobrevive à criação de paradigmas inerentes à criatividade?
Qual civilização se sucede e o que a fará evoluir? Que valores como espécie?
Estou convicta de que a IA já transformou a forma como vivemos, já transformou a garantia de como vivemos esse viver.
E não há que ignorar.
Teresa Bracinha Vieira