Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POEMS FROM THE PORTUGUESE

POEMA DE RUI MIGUEL RIBEIRO 

  


A tarde


Nesta desaceleração

espero que os dias corram iguais,
uniformes e sem resistência.
Procuro de cada mistério
entender o mais simples.
Fico pelo que é mais rente,
mais sólido, com menos construção.

Já não chega ter os horários,
as entregas e as rotinas,
para aceitar o ritmo de furo lento
da vida. Mais próximo cresce o detalhe.
É mais precisa a dúvida.

Cai a tarde e a pausa continua
e com ela expira o natural desejo
de um prazer, um apetite pela
diagonal de luz que vai dividindo
o espaço, a marca invisível
que fica de mais um dia.


in XX Dias, 2009


Afternoon


In this slow motion
I hope the days will go by all the same,
unvarying and without resistance.
I seek to understand what is simplest
in each mystery.
I stick to what is most reachable,
most solid, least constructed.

Timetables, deadlines, routines
are no longer enough for accepting
the slow drilling pace
of living. Closer, detail is heightened.
The doubt is more precise.

The afternoon falls and the pause continues
and with it the expiring of the natural desire
for a pleasure, a yearning for
the slanting of the light that divides
the space, the invisible mark
that remains from yet another day.


© Translated by Ana Hudson, 2010
in Poems from the Portuguese