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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

  


A sombra suplanta em tamanho o seu dono, mas não confunde quando se decide executar o homem.

Se as sociedades tivessem esta consciência, sinal seria de que se avançara através do questionamento, o que impossibilitaria a miniaturização dos seres e o seu consequente abate.

É certo que a argumentação, mesmo a interrogativa, pode tomar direções retrógradas, mas entendemos que o indagar, é o que nos permite não nos deixarmos encerrar por pensamentos dominantes.

Bem se tem conhecimento real de que a bestialidade promulga leis como resposta às ideias de quem se não submete; e, utiliza leis, a fim de usar a mascarada teatral que indica quem está certo ou errado, o que não carece de esforço de entendimento por parte de quem nem sabe que desistir da liberdade é extinguir-se a si mesmo.

Mas «liberdade» é algo conquistado ou também algo em dúvida? Que palavra de poder, «liberdade»!

E afinal saberemos nós procurar a composição dos âmagos que abarca? Teremos apurado esse instinto nuclear?

Les Hirrondelles de Kaboul, esclarecem-nos, como a seu tempo expressámos.

Ansiamos a liberdade e queremo-la de volta se a mesma nos tiver sido retirada, mas há sempre trabalho a fazer.

O desejo e a vontade de liberdade são indivisíveis como bem nos transmitiu Nelson Mandela «as correntes em todo o meu povo eram as correntes em mim».

O grande alerta é o de que o oposto deste pensar-sentir está a ressurgir e com ele a anatematização.

Regressa o uso da religiosidade do líder quando tudo o que é mau é o que está fora do seu domínio, e incute-se o medo desmensurado a fim de que a sociedade soçobre ao comando, ou se entregue por se crer definitivamente vítima.

Resultou do Príncipe de Maquiavel o quanto o medo é um instrumento de governação mais eficaz do que o amor.

Mas recordamo-nos também que George W. Bush declarou memoravelmente que «um líder é alguém que une as pessoas», por oposição a quem afirma que todos o seguem.

Há que desmascarar com urgência a variedade de aiatolas que nos rodeiam e que vão sobrevivendo e se vão reforçando, graças aos donativos das ignorâncias catastróficas que tão em coro, papagueiam clichés de uma estupidez charlatã.

Afinal, pensar por si, pensarmos pela nossa cabeça, não é um dado adquirido.

Mas se nos reclamam como membros de pertença e titulares de um bilhete de pensamento de grupo, eis-nos face à possibilidade do nosso eu valioso se expor.

 

Teresa Bracinha Vieira