SYLVIA PLATH
Em quanto mar de Hiroshima?
Em quantas viagens por livros de inícios de guerra perpétua?
Decididamente, nos momentos mais raros estava sozinha
e a certa altura as tulipas vermelhas e Sylvia
I didn't want any flowers, I only wanted
To lie with my hands(…)
Pois todos se passeiam por corredores sob cujas pedras me ofereço, parecia dizê-lo pelo poema
“As Pedras”
Esta é a cidade onde os homens se consertam. Repouso num grande leito.
Afinal, ninguém diz:
A perfeição é horrível, ela não pode ter filhos.
( Perfection is terrible, it cannot have children.)
«Ted? Ted Hughes meu poeta, meu marido tão amado, vou assim muito depressa para te dizer que “a poesia ensina a cair”. Saberás que assim dirá um dia Luiza Jorge pelas páginas de Prado Coelho?
Vou depressa sim que morro jovem. Ted?, minha ausência, meu canteiro. De muitos infelizes modos me sinto sagrada, ridícula e amo-te. Aluguei a casa que me escreve para a morada de onde nunca consegui sair. Eis.»
Estas as palavras que tinha anotado para um dia dizer de Sylvia Plath.
Dentro de uma esfera auto-interpretativa e muito íntima , bem lá fundo, reside a escrita, a poesia de Sylvia, às vezes, menos analisada do que o culto vertido à sua vida.
Sempre senti que o mistério que me trouxe Sylvia Plath passaria pela evasão de um conflito tão redondo que nunca a harmonia sossegaria. Nenhuma camisa de noite lhe cobrira corpo ou alma. A trincheira era aberta por dividir irremediáveis compartimentos estanques: para mim deste modo, ela, Sylvia, seria sempre uma e outra ao mesmo tempo, sem cessar de nascer e de morrer.
E tudo nos aproxima do aprender que do tempo, da família, do mundo, do escuro e da claridade nos vamos libertando, como quem se afasta salutarmente das invenções extenuantes.
Enfim, falaremos até que a simplicidade mágica nos escute.
Teresa Bracinha Vieira
Obs: Reposição de texto publicado em 28.02.13 neste blogue.