CRÓNICA DA CULTURA
Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis.
Maquiavel
O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta.
Maquiavel
Para Maquiavel entender o comportamento humano diante do poder é fundamental a fim de que o poder delibere ações que permitam antecipar o que se deve fazer para perpetuar esse poder.
Ele tinha uma visão de que a natureza humana era profundamente egoísta e voltada para a busca do poder.
Retinha a importância da necessidade de incutir o medo como motivador para controlar as circunstâncias, argumentando que os governantes deviam agir com ambição e crueldade avaliando a realidade, e entendia que “os rebeldes” que se opõem ao poder não deviam ter lugar na sociedade.
Pare ele, o poder, tem de ser capaz de agir de forma imoral para garantir a aparente estabilidade política, e não de acordo com o que ele chamava de ideais abstratos.
Política era para ele astúcia e pragmatismo numa busca implacável pelo poder.
Um governante deveria manipular, enganar os outros, usar de todas as persuasões, utilizar toda a estratégia da propaganda em seu favor, numa busca absolutamente implacável para alcançar os seus objetivos.
Para Maquiavel, o contexto molda todas as ações das pessoas e determina as suas decisões, donde, entender as circunstâncias é essencial para entender e manobrar a natureza humana.
Inúmeras são as referências de Maquiavel aos desejos (ou humores) que constituem a dinâmica pulsional de toda civiltà.
Quanto à natureza dos humores, refletia que “o desejo dos grandes é positivo porque determinado, ao passo que o desejo do povo, indeterminado, é negativo: antes de mais nada, o povo exige apenas não ser oprimido”.
Para muitos, isto significa o esvaziamento do desejo do povo de todo e qualquer conteúdo político ou significa que o povo "não quer saber nada do poder”.
Acresce que para Maquiavel existem duas funções para a religião: “a que implica que o governante saiba como quer interpretar a religião, e a segunda, a de conseguir com essa interpretação, conduzir o povo ao que ele chama de patriotismo” (Josete Soboleski).
E enfim,
São tão simples os homens e obedecem tanto às necessidades presentes, que quem
engana encontrará sempre alguém que se deixa enganar.
Maquiavel
Teresa Bracinha Vieira