Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POEMS FROM THE PORTUGUESE

POEMA DE JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES  

   


Still Life


Os livros
abandonados no apartamento de Jan falavam
línguas distintas. Podíamos ir pela estante
(coleccionando fronteiras)
Tentando adivinhar quem os teria legado
(quem sabe se em desagravo
pelo rumo da história))
suponho que: pelo desvelo que impede
à partilha. Cruzando o apartamento alugado
tantos anos saudei
nos livros esquecidos a experiência do mundo
(breves rasgões na lombada
testemunhando a viagem)
o olvido por companhia cedo demais
para morrer. Nessa idade em que uma mão (a
minha a
sua: leitor) podia da vida quieta
extrair vida ainda.


in Você está aqui, 2013


Still Life


The books
left behind in Jan’s flat spoke
different languages. You could go through the shelves
(collecting borderlands)
trying to guess who may have bequeathed them
(who knows if in retaliation
for the course of the plot)
perhaps: due to some
non-sharing zeal. Pacing around the flat rented out
for so long I greeted
in the forgotten books the experience of the world
(small tears on the spines
witnessing their journey)
the neglect of a company not yet ready
for death. Time in which a hand (mine
yours:
reader) might yet extract
life from all that stillness.


© Translated by Ana Hudson, 2013
in Poems from the Portuguese