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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA

  


O Natal não é uma época para nos obrigarmos a ser felizes.

É sim, uma época por entre todas as dos dias que não deviam descuidar a construção dos significados, das razões de se deixar à mesa uma cadeira vazia à frente de um prato- expetativa-lembrança- lugar-de-pertença de alguém que está sem lar.

O Natal é sim, mais uma proposta de um tempo, um tempo de “ir à terra”.

À terra que nos desafia a memória que afirma o primado da vida sobre a morte, aquela mesma memória pela qual nos conhecemos, nos esquecemos, nos desentendemos e nos compreendemos.

“Ir à terra” no Natal, é sim, como todos os tempos são, tempos de nos recebermos recebendo os outros; tempo de compartilhar, de escutar tal como o devemos fazer em qualquer outra data, vivendo a realidade que não conhece o poente do amor.

Esquecer as razões da tristeza, da dor, da nostalgia, das guerras, da fome, das doenças, da revolta, da solidão, do abandono, da ausência de laços entre os homens, quando ninguém é como as famílias dos filmes, quando se concorda uns com os outros em não nos importarmos, é esquecer a renovação da verdade do nascer, e este “ir à terra “ no Natal não é de todo um ato luminoso, mas antes a visibilidade de um mundo que continua a escurecer.

Um dia, ainda na infância, cavei na praia, uma leve cova e do seu fundo vi surgir um outro mar e o meu empenho foi guardá-lo inteiro para o próximo Natal, dali a um nadinha, dali a uma próxima onda.

E continua a ser nesta época e em todas as da natureza dos musgos que as crianças nos saciam uma fome.

Está a chegar outro Natal!

 Qu’est-ce que signifie “apprivoiser”?

(…)Ca signifie “créer des liens…”


Teresa Bracinha Vieira