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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA

Os indris deixam de cantar em cativeiro


Os guias apontaram para um estranho animal no cimo das árvores e exclamaram «Indri» já que esta palavra significa «olhe para aquilo» e foi entendida a palavra «Indri» como sendo o nome local do animal.

Rezava a história que se se atirasse uma flecha contra estes animais, eles a apanhariam no ar e devolviam-na à procedência com pontaria certeira, e assim geraram-se as histórias sobre o Indri e estabeleceu-se um lugar do Indri na evolução dos grandes mamíferos, concluindo-se que humanidade e indris são aparentados.

De muitas das criaturas da Terra esta é uma das mais raras e cativantes e mesmo que as lendas sejam difusas, eu gosto de pensar que são de excelente clareza.

Acresce que, segundo a lenda, os indris reconheciam uma relação com os humanos, pois ajudavam muitas vezes a humanidade, nomeadamente com o seu uivo avisavam as aldeias da aproximação de ladrões.

Os indris são muito afetuosos entre si, passam horas a acariciar-se em gestos de grande proteção e parecem muito humanos, com proporções entre a medida das pernas e do peito muito próximas de nós.

Vivem os indris numa parte das florestas orientais de Madagáscar, florestas que estão a desaparecer, vítimas de incêndios e desflorestações devido a atividades de minério.

Em cativeiro os indris têm dificuldade em sobreviver e assim esta espécie fabulosa está ameaçada de extinção.

O Indri é o maior lêmure que se conhece. Todavia, o caminho entre os humanos e eles divergiu há milhões de anos, mas há uma conexão impressionante: os Indris são dos poucos mamíferos que cantam, criando mesmo coros nas copas das arvores que ecoam por muitos quilómetros.

Contudo, os indris deixam de cantar em cativeiro e apenas piam em constantes gritos de alarme.

Que a interpretação desta realidade, manifestação de sentir, faça parte do nosso círculo moral; que seja analisada com a riqueza de quem no mundo respeita a vida e a casa que todos partilhamos neste planeta; que em paz, esta aventura da existência, inimitável e extraordinariamente comovente esteja na base do nosso mais completo compromisso.


Teresa Bracinha Vieira