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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

I

UMA PEDRINHA

  


E tu, Sol! conduzes a tua luz até mim

e é teu o propósito de me amanheceres

Na divisão principal da casa o fogão a lenha esteve atento toda a noite. Bem o sabes

Está uma bela manhã e sou testemunha de todo um mundo distinto quando é manhã por ti

porque sei que nestas manhãs os sonhos são transumantes nas mais puras espécies

com o que de imenso abre as portas aos homens e velo

Sim, é isso mesmo, velo pelo atracar do barco e pela decisão do cais e do remo e do ir

Não foi assim que fizemos muitos de nós quando o frio era demasiado frio mesmo dentro das casas dos mundos quentes? e o céu parecia pender sempre mais para baixo, sempre mais pesado, sim, já me pusera a pensar por que razão a primeira coisa que se fazia de manhã era vomitar algum muco e depois sentíamo-nos melhor

Depois o dia podia começar e com ele o teu despertar de todos

ó Sol! que logo começava a haver diferenças em relação às manhãs anteriores, e logo a nossa força preparava de novo um outro pão e íamos até ao mar alto, desatado de tão alto

Íamos sim, foi sempre assim que fizemos até que a luz do céu obedecesse a ti, Sol

e com o tempo que faz hoje, tempo demasiado adverso sim, seremos prova que as redes e outros utensílios de estranha pesca, armadilhas, amarrações,

não nos vencem em lado algum

mesmo que assustadores seixos nos atinjam pelas costas

porque

lhes atiramos uma pedrinha

sim, exatamente isso, uma pedrinha


Teresa Bracinha Vieira