POESIA
I
UMA PEDRINHA
E tu, Sol! conduzes a tua luz até mim
e é teu o propósito de me amanheceres
Na divisão principal da casa o fogão a lenha esteve atento toda a noite. Bem o sabes
Está uma bela manhã e sou testemunha de todo um mundo distinto quando é manhã por ti
porque sei que nestas manhãs os sonhos são transumantes nas mais puras espécies
com o que de imenso abre as portas aos homens e velo
Sim, é isso mesmo, velo pelo atracar do barco e pela decisão do cais e do remo e do ir
Não foi assim que fizemos muitos de nós quando o frio era demasiado frio mesmo dentro das casas dos mundos quentes? e o céu parecia pender sempre mais para baixo, sempre mais pesado, sim, já me pusera a pensar por que razão a primeira coisa que se fazia de manhã era vomitar algum muco e depois sentíamo-nos melhor
Depois o dia podia começar e com ele o teu despertar de todos
ó Sol! que logo começava a haver diferenças em relação às manhãs anteriores, e logo a nossa força preparava de novo um outro pão e íamos até ao mar alto, desatado de tão alto
Íamos sim, foi sempre assim que fizemos até que a luz do céu obedecesse a ti, Sol
e com o tempo que faz hoje, tempo demasiado adverso sim, seremos prova que as redes e outros utensílios de estranha pesca, armadilhas, amarrações,
não nos vencem em lado algum
mesmo que assustadores seixos nos atinjam pelas costas
porque
lhes atiramos uma pedrinha
sim, exatamente isso, uma pedrinha
Teresa Bracinha Vieira