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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  
    Pormenor da estátua David de Michelangelo


201. RESISTIR À DESUMANIZAÇÃO


Sobressai, de há longa data, corroborada no tempo que vivemos, uma ausência de equidistância na análise de muitos quanto à não empatia e desumanização que manifestam pelas vítimas de países que têm como agressores ou governados por líderes, políticos ou políticas que ideologicamente não aprovam.     

O que coloca a questão: como resistir à desumanização?   

Uma das formas de resistência começa por ter consciência da nossa imperfeição e vulnerabilidade, dos nossos defeitos baseando-nos, como um desígnio mais alto (e não obstante o reconhecimento das nossas falhas) em princípios e valores que não nos deixem desumanizar e perder o rumo.   

Tendo como referência que todo o ser humano é igual na sua dignidade ontológica, existencial e social, que há (ou deve haver) referentes comuns resultantes de um genuíno acordo, mesmo que tácito, entre os povos, é inaceitável que não se manifeste a mesma censura, angústia, dor, preocupação ou solidariedade perante vítimas civis que, seja qual for a origem, são iguais na sua integridade e respeitabilidade.

Não há vítimas mais ou menos dignas, nem é aceitável que algumas sejam beneficiárias de maior condoimento e misericórdia por meros preconceitos pessoais, culturais ou ideológicos, sob pena de prevalecer e sermos cúmplices (no mínimo) do culto do ódio e de uma desumanização que, além de passiva, se limita a condenar apenas (e parcialmente) os atos de crueldade alheios perpetrados por aqueles que temos como mais responsáveis, abrindo o caminho a só mantermos a empatia pelas vítimas do lado do agredido, do oprimido e do mais fraco.

O ser humano tem, desde sempre, caraterísticas positivas e negativas, devendo aperfeiçoar as primeiras priorizando, igualmente, que a dignidade humana e o “amarás o próximo como a ti mesmo” devem ser consequentes na sua plenitude e universalidade.    


21.02.25
Joaquim M. M. Patrício