CRÓNICA DA CULTURA
Audácia: o mais verde que é o verde no verdor
Kengo Kuma (Gulbenkian)
A audácia é também uma confiança na iniciativa que encerra uma certeza emotiva.
Há por vezes muitos detalhes na audácia, muitas razões sensíveis que nos ajudam a enfrentar caminhos impossíveis.
A audácia também se debruça sobre nós e por trás de nós fitando-nos com olhos mais íntimos que os nossos, a fim de nos alertar para que não vivamos nem dos vestígios nem do impreciso, nem de paisagens como quadros se queremos mover-nos no viver.
Há muitas janelas-fronteira que impedem a audácia ou não se soubesse que também se vê sem pensar, e também se esquece sem se ter sentido todas as migalhinhas.
Por essas e outras razões a audácia também é feita de silêncio profundo no interpretar o quanto as figuras dos sonhos não são iguais às da vida, mas que tudo anda em paralelo, que tudo é igual e diferente.
A audácia é também uma infância como nos temas de W. Wordsworth, uma perceção de que só ela rompe e não corrompe a inocência; de que só ela tem calendário casado com a vontade; de que ela tende para lá do normal esforço humano e do mais verde que é o verde no verdor.
A audácia diz-nos que o dia bom passa e ainda assim ela é imprescindível para que dele se conheça a memória.
E tudo é o que somos.
Teresa Bracinha Vieira