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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  
    Filme "Matrix"


213. UTOPIA, DISTOPIA OU PROTOPIA?


Se a utopia idealiza uma sociedade perfeita que, segundo o seu criador (Tomás Moro), vive numa ilha imaginária (“Utopia”), que não existe em lado algum, não vinculada às condições económicas e políticas da realidade concreta, tendo como referência um modelo abstrato irrealizável, então torna-se inexequível uma comunidade idílica e justa onde não há desigualdades de qualquer tipo.   

Se a distopia idealiza uma sociedade imaginária destrutiva, caótica, injusta, desigualitária por natureza, baseada num pensamento futurista negativo, se não mesmo apocalíptico, tendo como referência um modelo abstrato gerador de sistemas totalitários, onde o ambiente, a ciência, a tecnologia, a moral e a ética não melhoram a nossa vida, conclui-se ser sempre indesejável, mesmo que realizável.   

Entre a mensagem de pacifismo utópico e total do sermão da montanha protagonizado por Jesus Cristo, e a de quem trabalha como hacker e programador em que a realidade que habita é uma ilusão virtual e distópica controlada por máquinas (Matrix), melhor é ser utópico que distópico, dado o lado mais construtivo e positivo dos utopistas e das suas conquistas.

Se a protopia idealiza uma sociedade de futuro possível, exequível, sustentável e realizável, sem amanhãs que cantam ou pessimismos exagerados, num mundo de melhorias permanentes e evolução contínua, que tem por assente, por condição e natureza, a imperfeição humana, assim como o equilíbrio, o compromisso e o pacifismo possível como bens e fins inestimáveis, com consciência de que há sempre algo por fazer e fazível pelo bem comum, então a protopia estará mais bem posicionada para, realisticamente, ser mais realizável e nos fazer melhorar, porque indicia agarrar mais de perto aquilo que somos como humanos.  


16.05.25
Joaquim M. M. Patrício