CRÓNICAS PLURICULTURAIS
216. ATÉ SEMPRE, FERNANDO!
Conhecemo-nos pessoalmente no lançamento simultâneo de dois livros de um conhecido ensaísta e escritor.
Estarmos sentados, lado a lado, propiciou a conversa e a empatia foi recíproca.
Os contactos, presenciais e virtuais, continuaram e permaneceram, intervalados pelas deslocações do Fernando Venâncio entre os Países Baixos (para onde emigrara, trabalhava e constituiu família) e Portugal (onde regressava quando podia).
Foi de uma enorme satisfação e agrado conhecê-lo e sermos amigos, dialogarmos em longas e boas conversas em esplanadas, entre almoços, jantares, telefonemas, convites para apresentações públicas de novos livros (sem esquecer a feira do livro), algumas caminhadas, deslocações pontuais entre Lisboa, Queluz e Sintra. E através da internet e uma ou outra rede social. Se possível, uma agradável, fascinante e interessante conversa a dois tinha sempre prioridade.
Como linguista e figura marcante e singular do panorama académico e cultural, e de um entusiamo contagiante pela língua portuguesa e galega foi, para mim, um privilégio tê-lo como amigo. Havendo discordância, sempre houve tolerância e respeito mútuo.
Depois do retorno à pátria nativa, para Mértola, a sua morte recente não me surpreendeu. Falava com ele, nos últimos tempos, amiudadas vezes, de cada vez com mais dificuldade, até ficar incontactável.
A sua partida emocionou-me e consternou-me muito.
Não esqueço a sua opinião, inteligente e sincera, sobre os textos que ia publicando neste blogue.
Nem o seu amor e dedicação pela Galiza.
Nem a inesperada surpresa que me deste, Fernando, com os agradecimentos finais do teu livro “Assim nasceu uma língua”, ao referires o meu nome, entre outros, com “Um sincero e forte obrigado a quantos, no decurso de anos, com um pequeno ou grande contributo, tornaram este trabalho menos árduo”.
E que palavras generosas teres escrito, para mim, em dedicatória, que esse teu “livro testamento” alguma coisa de precioso me deve, sem que eu, alguma vez, o tenha consciencializado (mesmo sabendo que muito falávamos sobre o nosso idioma).
Por tudo, tudo o que vivemos, o meu muito obrigado.
Até sempre, meu bom Amigo Fernando!
06.06.25
Joaquim M. M. Patrício